Prefeitura suspende atividades, em decorrência da infecção de servidores pela covid-19
Costa diz que esquema em diretoria da Petrobras era só ‘ponta do iceberg’
O ex-diretor Petrobras Paulo Roberto Costa afirmou na terça-feira (28) em depoimento à Justiça Federal do Paraná que os desvios de valores na área de Abastecimento da estatal, comandada por ele entre 2004 e 2012, eram apenas a “ponta do iceberg” do esquema de corrupção e lavagem de dinheiro ocorrido dentro da empresa.
Costa depôs em um dos processos referentes à sétima fase da Operação Lava Jato. Segundo o ex-diretor, “os grandes valores de desvios” ocorreram na área de Exploração e Produção da Petrobras. Ele, no entanto disse não saber determinar se os diretores dessa área participavam do processo.
“Nós estamos olhando dentro da área de Abastecimento, a ponta do iceberg. Os grandes valores de desvios da Petrobras não foram na área de Abastecimento. […] Os grandes valores, os grandes orçamentos, o processo que se iniciou lá em 2003, dito por Pedro Barusco [ex-gerente de Serviços da estatal, que fez acordo de delação premiada com o Ministério Público], era dentro da área de Exploração e Produção, que era responsável pela construção de plataformas e navios de processo”, afirmou Costa.
“Então, eu diria com bastante propriedade que isso acontecia nas outras áreas, mas não posso precisar se era de conhecimento dos diretores dessas áreas, de Exploração e Produção e Gás e Energia”, completou.
O ex-diretor, no entanto, afirmou que os resultados do esquema de licitações, tanto na área de Exploração e Produção quanto na área da Gás e Energia, eram repassados para a área de Serviços, responsável por executar as obras da Petrobras e que, de acordo com Costa, era comandada pelo PT. O partido sempre negou ter relação com a diretoria de Serviços ou com o esquema de corrupção na Petrobras.
“Mas isso tudo era conduzido pela área de Serviços. […] Nessas diretorias [Exploração e Produção e Gás e Energia], os resultados das licitações eram 100% para a área de Serviços, conduzida pelo PT”, afirmou.
‘Cartelização’
Paulo Roberto Costa também afirmou em seu depoimento que o presidente da UTC, Ricardo Ribeiro Pessoa, e representantes da construtora Odebrecht comentaram com ele que tinham “outras atividades” fora da estatal. Segundo Costa, o processo de cartelização no Brasil “é muito pouco se for analisado só a Petrobras”.
Na semana passada, o Jornal Nacional revelou que o ex-presidente da Camargo Corrêa Dalton Avancini afirmou em depoimento em delação premiada que havia um acordo entre empreiteiras e a Eletronuclear, empresa do grupo Eletrobras, para que determinadas empresas vencessem a licitação das obras de Angra 3.
“Se a gente for olhar ferrovias, rodovias, portos e aeroportos, esse processo [de cartelização] ocorreu em todas as áreas. Basta um aprofundamento da Justiça que vai se chegar a essa conclusão”, afirmou.
Questionado pelo juiz federal Sérgio Moro, responsável pelo processo da Lava Jato em primeira instância, sobre licitações em que empresas de fora do cartel foram convidadas, Costa declarou que, por volta de 2010 e 2011, os preços das licitações “estavam vindo excessivamente altos” e, por isso, tentou dar um fim ao processo de cartelização na diretoria de Abastecimento. Conforme o ex-diretor, representantes das empreiteiras UTC e Odebrecht disseram que ele iria “quebrar a cara”.
“Eu já estava enojado com aquilo e não ia mais considerar aquele processo. E eles me falaram que eu iria quebrar a cara porque eu iria contratar empresas que não iriam dar conta do contrato. Mas eu fiz isso, forcei a barra com a diretoria de Serviços, não foi fácil, mas em algumas licitações nós chamamos empresas que não eram do cartel”, declarou.
Ao Jornal Nacional, a UTC informou que não comenta investigações em andamento. A Odebretch negou os fatos narrados por Paulo Roberto Costa e disse que é “lamentável ver uma mentira ser reconstituída e emendada tantas vezes ao longo de vários depoimentos, sem que isso traga qualquer consequência para o réu confesso”. G1