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José Carlos Aleluia: um cardápio de energia verde e amarela
O Brasil tem dificuldade de tomar decisões acertadas em sua política de energia. Vejamos, por exemplo, o nosso sistema, que é basicamente hidrelétrico e faz com que as autoridades, mesmo as descrentes da fé católica, acreditem mais nos milagres de São Pedro do que nos estudos probabilístico das séries hidrológicas.
Hoje, decorridos menos de 15 anos da crise apelidada de “apagão”, estamos vivendo novas dificuldades energéticas, cujos ovos da serpente, postos nos últimos 12 anos, foram chocados no verão de 2012/2013.
Mesmo sem chuvas na intensidade desejada, demagogicamente, a presidente da República anunciou uma era de energia mais barata e abundante. O mico presidencial custou R$ 120 bilhões, queimados às escondidas em termoelétricas. O resultado não podia ser outro: energia escassa e um novo “apagão” com o nome de “bandeira vermelha”.
Tanto agora como em 2001, todos estão pagando pelos erros de uma política que pretende distribuir elétrons vermelhos e azuis, contaminados por politiquices. Estamos escapando de um colapso total à custa de uma elevação média de mais de 50% nas contas de energia, além do desempenho catastrófico da produção e estagnação econômica.
As crises de energia são sempre resultantes de decisões tomadas com, pelo menos, meia década de antecedência. Política energética não pode ser programa de um governo, decidido apenas por meia dúzia de iluminados fechados em gabinetes oficiais.
O Brasil precisa abrir um amplo debate sobre a sua matriz energética. Não podemos permanecer na contramão do mundo, privilegiando as energias fósseis e elegendo as fontes renováveis não convencionais apenas como ornamentos das chaminés que entopem a atmosfera de gases responsáveis pelo efeito estufa.
Fomos, somos e seremos, pelo menos até meados deste século, um país predominantemente atendido por energia elétrica de origem hidráulica renovável e com forte dependência dos ciclos de chuvas. Além das águas, os ventos também estão soprando a nosso favor e o sol iluminando o nosso caminho.
A geração eólica tem todas as possibilidades para superar, no médio prazo, as usinas a gás natural e a óleo, cujos combustíveis devem ser mais bem aproveitados em outros processos.
Estamos no limiar de grandes rupturas tecnológicas, particularmente no campo solar, no armazenamento energético e nas chamadas redes inteligentes, o prenúncio da difusão da produção distribuída de energia que vai privilegiar as nações e os grupos melhor aparelhados no campo da pesquisa e do desenvolvimento.
Hoje no ambiente de crise e de completa desestruturação dos agentes envolvidos no setor e, diante dos riscos e das oportunidades do novo cenário tecnológico, o Brasil precisa reestruturar o setor energético e incentivar as fontes renováveis, melhor dizendo, de cores verde e amarela.
José Carlos Aleluia é deputado federal pelo DEM