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Argôlo recebeu ‘dinheiro em espécie’ da contadora de Youssef
Meire Pozza, testemunha de acusação do ex-deputado (SD/BA), relatou à Justiça Federal que políticos visitavam escritório de Alberto Youssef em São Paulo; assista o vídeo
A contadora Meire Pozza, que trabalhou para o doleiro Alberto Youssef – peça central da Operação Lava Jato-, declarou à Justiça Federal que entregou dinheiro em espécie para o então deputado Luiz Argôlo (SD/BA) – atualmente preso em Curitiba, base da investigação sobre corrupção e propinas na Petrobrás.
A entrega do valor, “aproximadamente” R$ 300 mil, segundo Meire, ocorreu no escritório do doleiro em São Paulo, em 2013. “Houve uma ocasião em que ele (Argôlo) estava lá (na sede da GFD Investimentos, empresa de fachada de Youssef). Eu ia levar dinheiro para o Alberto e ele (Argôlo) estava lá aguardando esse dinheiro. Então, o Alberto me falou isso, ‘ó você tem que trazer, ele está aqui aguardando dinheiro’”.
VEJA O DEPOIMENTO DE MEIRE POZZA À JUSTIÇA FEDERAL NO PARANÁ
O depoimento de Meire ocorreu na terça-feira, 23, na Justiça Federal no Paraná. Ela depôs como testemunha da acusação em dois processos contra Luiz Argôlo e contra o ex-deputado Pedro Corrêa (PP/PE), que também está preso. Os ex-parlamentares são acusados de receberem propinas do esquema de corrupção que se instalou na Petrobrás.
Meire trabalhou para o doleiro. Ela contou que, além de Argôlo, viu no escritório de Youssef outros políticos.
Um procurador da República indagou de Meire o que os políticos iam fazer no escritório do doleiro. “Só posso lhe dizer em relação ao ex-deputado Luiz Argôlo porque presenciei ele indo prá buscar dinheiro. Os outros realmente não sei dizer. Vi Luiz Argôlo em algumas ocasiões. Não sei precisar a época, acredito que a última vez foi no começo de 2014, verão de 2014, mas eu não me lembro exatamente.”
O procurador quis saber quando foi a primeira vez que a testemunha viu o então deputado na sede da GFD de Youssef. “O ano, com certeza, foi 2013 porque antes disso Alberto ficava num outro escritório. Eu fui pouquíssimas vezes no outro escritório.”
“Chegou a conversar com o deputado Luiz Argôlo?”
“Sim, em algumas ocasiões sim.”
“Como a sra. sabe que ele foi buscar dinheiro?”
“Porque houve uma ocasião que ele estava lá e eu ia levar dinheiro para o Alberto. Ele estava lá aguardando esse dinheiro. Então, o Alberto me falou isso, ‘ó você tem que trazer, ele está aqui aguardando dinheiro’”.
Meire Pozza relatou que, em certa ocasião, Argôlo estava aguardando, mas o dinheiro não entrou “e ele teve que ficar em São Paulo para ir embora só no dia seguinte.”
Ao ser perguntada sobre quanto foi repassado ao ex-parlamentar, a contadora disse ‘não se recordar’. “Não me recordo o valor, aproximadamente pelo que me consta eram R$ 300 mil. Eu acho que era R$ 300 mil na ocasião.”
Por Ricardo Brandt, enviado especial a Curitiba, Mateus Coutinho e Fausto Macedo
Estadão