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Credibahia estimula micro e pequenos empreendimentos na capital e no interior
Mulher, negra, recém-divorciada, moradora de um bairro da periferia de Salvador e desempregada. Este poderia ser o perfil da personagem de uma história triste, mas era o da cabeleireira Joseane Félix, protagonista de uma história de sucesso. “Da dificuldade, eu fiz um bom negócio pra mim. Quando a gente tem uma visão, lá na frente, de que a gente pode mais, é só a gente se esforçar e crer em Deus, que tudo é possível”.
Aos 36 anos, Joseane é dona de um pequeno salão de beleza no bairro de Saramandaia, onde emprega uma pessoa que desempenha a função de auxiliar de cabeleireira. Para incrementar o negócio, em 2014, ela procurou a Agência de Fomento do Estado da Bahia (Desenbahia) e contraiu o primeiro empréstimo junto à instituição. “Meu primeiro empréstimo foi no valor de R$ 1 mil, o segundo de R$ 1,2 mil e o terceiro, no valor de R$ 4 mil. Com o dinheiro eu comprei produtos e reformei o salão”, disse a microempreendedora que, antes de ter o próprio espaço, ia até as casas das clientes para fazer o atendimento.
Com cerca de 80 clientes fiéis e renda mensal que varia entre R$ 3 mil e R$ 3,5 mil reais, a cada dia Joseane está mais otimista com a atuação no ramo da beleza. A cabeleireira afirmou que, quando pensou em montar o próprio negócio, procurou algumas instituições financeiras e teve dificuldades para conseguir a aprovação do crédito. “Eu não tinha um fiador. Eles não confiam. Eu não tinha o que oferecer. Só a desenvoltura para trabalhar. Então, a Desenbahia acreditou, né? Desde então, estamos aí arrebentando”.
Credibahia
Para apresentar um balanço do Credibahia, mobilizar os gestores municipais da capital, da Região Metropolitana de Salvador (RMS) e também do Recôncavo, além de avaliar os resultados, um encontro foi realizado na terça-feira (18), no auditório da Unime, em Lauro de Freitas, um encontro com agentes de crédito e técnicos da Desenbahia e da Secretaria de Trabalho, Emprego, Renda e Esporte (Setre).
Entre os dados apresentados no evento está o desempenho do Credibahia nos primeiros seis meses deste ano, que alcançou o volume de R$ 37 milhões, por meio de 11,4 mil operações de financiamento. O valor é 35% maior que o liberado no mesmo período de 2014. Conforme a gerente de microfinanças da Desenbahia, Márcia Fonseca, desde 2002, o programa já aplicou em todo o estado quase R$ 300 milhões. Destes, R$ 20 milhões estão concentrados em Salvador, RMS e Recôncavo. “O público alvo deste programa são os donos de micro e pequenos empreendimentos que faturem até R$ 10 mil por mês e que já estejam atuando pelo menos há seis meses”.
Márcia disse ainda que, resultado de parceria com as prefeituras que disponibilizam espaços e colaboradores para atuarem como agentes de crédito, o Credibahia está presente em 184 municípios do estado. “Nossa expectativa até o final do ano é de emprestar entre R$ 60 e R$ 70 milhões de reais em microcrédito. É um número expressivo, porque estamos falando em volume de recursos emprestados, por pessoa, de R$ 1,5 mil a R$ 2 mil reais. Portanto, é um contingente bem grande de pessoas que a gente consegue atender”.
Apoio ao empreendedor
Com prazos de até 24 meses, os valores de financiamento podem variar de R$ 200 a R$ 10 mil. De acordo com o superintendente de Economia Solidária da Setre, Milton Barbosa, a maioria dos municípios baianos não atraem grandes indústrias e têm a sua economia baseada em pequenos empreendimentos. “Por isso, o governo do Estado fomenta o empreendedorismo e apoia com crédito, capacitação, no sentido de fazer com que a economia local gere recursos que fiquem no próprio local”, explicou.
Participante do evento, o secretário de Planejamento do município de Nazaré, Antônio Brito Filho, informou que, na cidade, quarenta feirantes tiveram acesso ao Credibahia para montar novos boxes. “A gente tinha uma feira péssima no município. A gestão municipal tirou as pessoas do local onde estavam e as levou para um novo espaço, organizado, bonito, aplausível. O Credibahia foi fundamental para financiar os boxes. A prefeitura deu o galpão, mas o empreendedor precisava construir os boxes”.
Na ocasião, o superintendente de microcrédito e economia solidária da Setre, Weslen Moreira, observou que o montante liberado pelo programa contemplou 5 mil micro e pequenos empreendedores. “É uma modalidade de crédito com juros subsidiados de 6,5% ao ano. Quase 70% dos beneficiados são mulheres. Na pesquisa que realizamos em Salvador, 90% dos empreendedores disseram que esse financiamento foi essencial para o crescimento do negócio.