Renato Duque acusa Augusto Mendonça de ladrão e mentiroso

 Renato Duque acusa Augusto Mendonça de ladrão e mentiroso

Na foto: Vaccari, Renato Duque e Augusto Mendonça durante acareação na CPI da Petrobras

Em depoimento à CPI da Petrobras, o ex-diretor de Serviços da estatal Renato Duque acusou o empresário Augusto Mendonça de “ladrão” ao responder a uma pergunta da deputada Eliziane Gama (PPS-MA) sobre pagamento de propina que teria sido intermediada por Mendonça e pelo empresário Júlio Camargo – outro delator do esquema de desvio de recursos da Petrobras.

Na foto:  Vaccari, Renato Duque e Augusto Mendonça durante acareação na CPI da Petrobras
Vaccari, Renato Duque e Augusto Mendonça durante acareação na CPI da Petrobras

Duque foi acusado de receber propina por Mendonça e por Camargo, que apontou como origem o Consórcio Interpar, formado pela empresas SOG, Mendes Júnior e Skaska, contratado para a execução de obras da refinaria Presidente Vargas (Repar) em Araucária (PR).

A SOG é uma das empresas do grupo de Mendonça e, segundo Camargo, a propina paga a Duque foi de R$ 12 milhões.

“Ele disse que recebeu dinheiro do consórcio, através do Júlio Camargo, para repassar propina. Ele disse que pagou R$ 33 milhões de propina a mando do Júlio, mas o Júlio disse que a propina foi de R$ 12 milhões. Ele tem que explicar a diferença, onde está o dinheiro. Ele roubou do consórcio”, acusou Duque.

Mendonça alegou que a acusação faz parte da estratégia da defesa de Duque. “Ele pode falar o que quiser. Meu papel como colaborador é dizer a verdade sobre os fatos. Eu entreguei para o Ministério Público todos os contratos e notas fiscais que mostram a saída dos recursos. Entreguei também as contas que me foram indicadas para depositar”, respondeu o empresário.

Mendonça confirma que pagou propina a ex-diretor da Petrobras

O empresário Augusto Mendonça Neto confirmou o teor de depoimentos prestados por ele à Justiça, em que admite ter feito pagamentos de propina ao ex-diretor de Serviço da Petrobras Renato Duque.

“Parte dos pagamentos era feito em espécie e entregues a emissários em meu escritório. E parte era depositada em contas no exterior movimentadas por Mário Góes”, disse Mendonça. Preso na Operação Lava Jato, Mário Góes é acusado de ser operador do esquema e de intermediar o pagamento de propina por empresas contratadas pela Petrobras.

“Ele é um mentiroso”, repetiu Duque. “Mas ele mencionou o seu nome 125 vezes”, disse o deputado Altineu Cortes (PR-RJ). “Ele mentiu todas as vezes”, respondeu Duque.

Mendonça também reafirmou que o ex-tesoureiro do PT João Vaccari ligava para ele cobrando o pagamento de propina. Vaccari disse que iria permanecer em silêncio.

Questionado pelo deputado Valmir Pascidelli (PT-SP) se havia contradições em seus depoimentos, Mendonça admitiu que mudou seu depoimento. “Como é que fica a versão da afirmação, levando em conta que o senhor já entrou em contradição antes e agora é chamado de mentiroso?”, disse o parlamentar.

“Posso ter me enganado. A minha versão original é a que estou falando agora, não vou mudar. Se em algum depoimento eu disse que não, eu me enganei”, respondeu Mendonça, que havia dito ao Ministério Público que pagou entre R$ 50 milhões e R$ 60 milhões em propina a Duque entre 2008 e 2011. Duque e Vaccari negam a informação.

O deputado Delegado Waldir (PSDB/GO) perguntou a Mendonça se o dinheiro era destinado também a campanhas políticas. O delator respondeu que não, que os valores eram destinados a partidos. O parlamentar quis saber se outras diretorias da Petrobras recebiam verba. “Só para Serviços e Abastecimento”, disse Mendonça.

Duque, então, voltou a chamar o empresário de mentiroso: “Vou repetir novamente. Augusto Mendonça mente. Em 2013 eu já estava fora da Petrobras havia um ano. Augusto Mendonça é mentiroso, e ele sabe disso”.

O deputado Aluisio Mendes (PSDC/MA) elogiou, ironicamente, o estado de ânimo de Duque. “O senhor está muito bem para quem está na cadeia”. “A cadeia faz mal à alma”, respondeu Duque.

Mendonça disse que Duque nunca esteve nos encontros, mas que era sempre citado nos encontros entre ele e uma pessoa identificada como “Tigrão”, que recebia o dinheiro. Segundo o empresário, havia uma combinação para que toda primeira terça-feira do mês alguém fosse ao seu escritório “retirar” o dinheiro.

Duque rebateu, afirmando que é a primeira vez que Mendonça detalha o dia do pagamento (terça-feira), que essa informação nunca havia sido dada. Solicitado a apresentar provas de que Tigrão não existe, Duque disse que desconhece “essa pessoa com esse codinome” e que Mendonça, a quem o ex-diretor voltou a chamar de “mentiroso”, não prova a existência do receptor do dinheiro.

Jornal do Brasil

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