A renúncia de Charles de Gaulle

 A renúncia de Charles de Gaulle

Estamos falando de Charles de Gaulle. Luís XIV disse o estado ser ele (L’État c’est moi). Mais para trás, Joana D’Arc foi o estado. Mais para a frente, foi a vez de Charles de Gaulle. Ele, na França, como Wiston Churchill na Inglaterra, podemos dizer que encarnaram a França e a Inglaterra.

Após o final da Segunda Guerra Mundial, tornaram-se, pelos seus méritos, os mandatários daqueles países. Como os países são compostos de pessoas, Churchill perdeu a eleição logo ao final da guerra (ele voltou ao poder na eleição subsequente). De Gaulle permaneceu no poder até 1969.

Há ocasiões em que determinadas pessoas são como que insubstituíveis. A França convidou o general de Gaulle para ser o seu presidente. Foi quase que uma imposição que foi aceita pelo general herói da Segunda Guerra. A França, embora humilhada por Hitler, soube, sob o comando do novo presidente, se impor ao mundo.

A França reconstruída vivia a guerra fria entre o ocidente e o leste europeu. Estados Unidos e União Soviética lideravam os blocos. A França, no meio, civilização e história a sustentar o saudável orgulho francês, começou a fervilhar. Vieram os fortes protestos organizados por estudantes e trabalhadores. Treze anos após o final da guerra, os sacrifícios e o rigor começaram a perder sentido. O povo protestava contra o governo do velho general.

De Gaulle tinha prestígio suficiente dentro e fora da França para tentar uma resistência. Ele era um herói! Destemido, havia marchado Avenida dos Campos Eliseus de peito aberto ignorando os atiradores de elite alemães que ainda poderiam estar empoleirados nos telhados da velha Paris. Ele não resistiu.  Amante da liberdade e da democracia, redigiu e assinou a carta de renúncia em 28 de abril de 1969 e se retirou para o interior da França, Colombyey-les-Deux-Églises na comuna francesa em Champanha-Ardenas.

Cumprido o seu papel, maduro e talvez cansado, agora sem o apoio popular de um povo talvez ingrato, arrumou as malas e foi embora. Morreu pouco depois no coração da França que, sob sua liderança do exterior, juntamente com os que resistiram no interior, soube resistir à ameaça nazista.

Charles de Gaulle compreendeu que havia cumprido o seu papel. Não se considerou insubstituível. Os jovens estudantes queriam mudança e a conquistaram. A França permaneceu firme rumo ao desenvolvimento.

No Mémorial Charles de Gaulle, em Colombey-les-Deux-Églises, os franceses descarregaram toda a sua gratidão a quem soube organizar a resistência à praga do nazismo e soube, muito mais, reconhecer que tinha chegado a hora de abrir espaço para novas lideranças.

No Brasil, renunciou Dom Pedro, Deodoro, Ruy Barbosa, Getúlio Vargas e Jânio Quadros. Renúncia pode ser atestado de estadismo, patriotismo e responsabilidade.

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Francisco Nery Júnior

1 Comment

  • da sra dilma não se pode esperar esse ato de grandeza que governa a brasileira comanda pelo ptzinho.

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