Sobre o trânsito e as calçadas – os passeios da Bahia

 Sobre o trânsito e as calçadas – os passeios da Bahia

Daqui a onze meses teremos novo prefeito. Será uma espécie de coroamento de cerca de vinte anos de uma administração racional que tornou possível ao Coronel Gunner, da Força Aérea da Noruega, amigo do rei, classificar Paulo Afonso como “a nice city”(cidade legal). Como um anacoluto, acompanhei e traduzi a comitiva norueguesa por uma semana e até hoje não recebi um obrigado da entidade cicerone. Ouvi apenas que tinha comido de graça por sete dias. Comi trabalhando um ofício de qualidade. Poderia ter comido em casa onde as despensas nunca ficaram vazias. A propósito, leitor em quem os escritores veem o confidente, o confessor, ao inimigo é sempre negada a vitória total. A vitória do inimigo do bem vem sempre lambuzada de fel. A do leitor atento e fiel, derrama de mel. Os inimigos detratam, caluniam, distorcem, armam ciladas eficientes tanto quanto a sua maldade – e, no fundo, lhe fazem um bem. Não vencem a vitória total. Quando eles acham que você está no limbo, você cresce. O seu patrimônio mais que duplica. Os amigos leais se fazem conhecer. Quando lhe foi ordenado amar os inimigos, é porque são eles que o constroem. Eles são a causa do seu caldeamento. Sem eles, a vida fácil, você teria estagnado. Dê, caro amigo desta prosa, uma olhada na Natureza. Veja como os fortes vencem e envelhecem. Adolf Hitler, supra-sumo do mal, olhou e chegou ao topo da Alemanha humilhada.

A gora sim, voltando à atenção que espero ter conquistado de um leitor comprometido, em mente o editorial do site que convida a uma meditação sobre a vocação de Paulo Afonso (a cidade tem sim, vocação agrícola – tem condições – vamos um dia conversar sobre isso. Alguém competente e leal, com experiência nada menos que em Israel, tem os subsídios), agora então, o trânsito e as calçadas.

Cidade do porte e altivez de Paulo Afonso tem que ter calçadas – para o pedestre. Na minha cabeça de adulto, a afirmação do Tenente Sandes para minha cabeça de menino de treze anos: “A calçada é para os pedestres”. Nós brincávamos displicentemente de bicicleta, na calçada do bairro, quando o tenente dos velhos tempos da ordem e da sisudez gravou em minha mente o princípio indestrutível da calçada para os pedestres. Em nossa cidade, prática e bela, como um monstrengo a negar o que realmente somos (somos civilizados), não parece ser assim. Nossas calçadas são uma vergonha! Bebês disputam o asfalto com caçambas (um horror!). Blocos de concreto e arames farpados impedem o pedestre de ir; de continuar. Em determinado local, uma nobre senhora fez o seu jardim – na calçada! Enfim, não temos calçadas. Tan-tan-tan, não temos calçadas. Não as temos. Esse direito básico, não temos!  Não temos mesmo. O estilo está pesado, muita repetição? Palavras de peso? O leitor pode fazer a correção.

Queremos crer que todos, dirigentes e dirigidos, fortes e fracos, poderosos e humildes, gostaríamos que tivéssemos calçadas como os países desenvolvidos têm. Falta aos gestores, desconfiamos faltar, “condições políticas”. Tudo que é bom tem um preço.  Não termos calçadas deve ser o preço da democracia e do governo do povo.

Também, o trânsito. Um povo, para se desenvolver, tem que ter mobilidade. Horas perdidas em engarrafamentos são prejuízo para a economia. Política e economia estão intrinsecamente ligadas. Temos gargalos em Paulo Afonso fáceis de resolver. Uma quebradinha aqui, um recuo de meio-fio acolá, e pronto. Proibições mantidas (precisamos, como povo, aprender a valorizar, respeitar e cumprir as nossas leis), respeito ao outro sempre presente, amor ao próximo cultivado (por que não amar?) viveremos melhor. Mais qualidade de vida. Mais prazer de morar em uma cidade dádiva de Deus – das administrações, da Chesf, do rio, dos imigrantes, de nós mesmos.

Vamos pensando no nosso voto. Escolhamos o melhor. Analisemos os currículos. Escolhamos. Poderemos errar. Se errarmos, assumiremos os erros. E votaremos outra vez. Se é democracia, costuma dizer Evandro Paiva, vamos brincar de democracia – com responsabilidade e lisura.

Francisco Nery Júniornery1

 

 

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