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Alimentação rica em gorduras pode fazer você viver mais
Estudos comprovam que manter uma dieta cetogênica pode melhorar a memória e contribuir para uma vida mais longa
Você já deve ter percebido que abacate está na moda. Não é à toa que ele está cada vez mais presente em cremes, pastas, petiscos – até cafés são feitos na casca da fruta. Além de ser rico em fibras, minerais e vitaminas, a quantidade de gorduras faz com que ele seja um dos alimentos mais badalados da dieta cetogênica, conhecida por reduzir os carboidratos e aumentar o consumo de gorduras e proteínas.
Com a baixa ingestão de carboidratos, o corpo entra em um estado metabólico chamado cetose (daí o nome “cetogênica”) que usa as gorduras armazenadas como fonte de energia, e não os carboidratos – e isso estimula a perda de peso. Recentemente, esse tipo de dieta começou a despertar a curiosidade (e também a desconfiança) dos cientistas sobre seus efeitos no emagrecimento, no auxílio em tratamentos contra o câncer e na redução de convulsões em casos de epilepsia, por exemplo.
Agora, some a essa lista outros dois estudos que comprovam pontos positivos de comer mais gordura que carboidrato: melhorar a memória na velhice e aumentar a expectativa de vida. Duas pesquisas, realizadas de maneira independente, analisaram os efeitos a longo prazo da alimentação gordurosa em ratos. Uma delas, feito pelo Instituto Buck de Pesquisa em Envelhecimento, na Califórnia, se concentrou na relação entre dieta cetogênica e envelhecimento. A outra, desenvolvida pela Faculdade de Medicina Veterinária da Universidade da Califórnia, estudou o efeito da dieta em ratos adultos e teve resultados semelhantes, mas também percebeu que os roedores apresentaram uma melhora na força e na coordenação motora. Ambas foram publicadas recentemente no periódico científico Cell Metabolism.
Nessa segunda, para perceber os efeitos metabólicos da dieta, os ratos foram divididos em três grupos que consumiam a mesma quantidade de calorias, mas provenientes de fontes diferente. “Ficamos impressionados em como os efeitos foram distintos em cada dieta – os camundongos que se alimentaram com uma dieta baseada em gorduras tiveram um aumento de 13% na média de vida, se comparados aos que comiam muitos carboidratos”, afirma o autor principal do estudo, Jon Ramsey. A equipe da Universidade da Califórnia avalia que em humanos esse aumento equivale de sete a dez anos a mais. Os roedores que seguiram a dieta cetogênica também apresentaram elevação da função motora e menor incidência de tumores.
Na pesquisa desenvolvida pelo Instituo Buck, os cientistas não perceberam aumento na expectativa de vida dos ratos alimentados com uma dieta “gorda”, mas o índice de mortes entre um e dois anos foi menor nesse grupo. O que mais despertou o interesse dos pesquisadores foram os efeitos cognitivos desencadeados pela dieta. Os ratinhos que seguiram a cetogênica não demonstraram redução de raciocínio nos testes de memória conforme a idade deles avançava. Eles também apresentaram um comportamento mais curioso e explorador que os camundongos que não foram alimentados com muita gordura.
“Algo mudou nos cérebros desses camundongos para torná-los mais resilientes aos efeitos da idade”, defende o cientista principal do estudo, John Newman, na divulgação dos resultados.
Por Pâmela Carbonari