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Estudo aponta alternativa para alimentar rebanho na caatinga; confira
Conforme pesquisa, animais devem se alimentar da vegetação local. Especialistas recomendam manejo sustentável da biodiversidade na região por meio de três técnicas.
Um estudo da Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa) Caprinos e Ovinos mostra que a adoção de técnicas sustentáveis na caatinga pode resultar em um pasto com rica vegetação local e, assim, proporcionar uma melhor alimentação para os animais criados na região, como gado, caprinos e ovinos.
Na pesquisa, a recomendação é que os criadores apliquem em suas áreas um manejo sustentável da rica biodiversidade local, por meio de três técnicas: raleamento, rebaixamento e enriquecimento.
O raleamento é o corte seletivo de vegetações de menor importância para que outras, de maior valor forrageiro (forragem animal) e madeireiro, possam se expandir. O rebaixamento é o corte da copa de árvores e arbustos mais altos para que fiquem acessíveis ao pastejo de rebanhos de pequeno porte, como cabras e ovelhas, por exemplo. Já o enriquecimento tem como base a introdução de espécies que permanecem durante um longo tempo na região, sempre precedida de estudos.
A caatinga é o único bioma exclusivamente brasileiro, com uma área de 844.453 km² totalmente dentro do território nacional, com clima semiárido, poucas chuvas e secas prolongadas. Diante desse cenário, a região não é o que se poderia chamar de área ideal para pecuária, principalmente a extensiva.
Por isso, a solução que parecia mais óbvia para a criação de gado na região – principalmente cabras e ovelhas – era desmatar as plantas nativas e substituí-las por pastagens artificiais. Entretanto, a pesquisa aponta que alternativa para alimentar o rebanho, sugerida após os estudos, é de que o aproveitamento das espécies para alimentação do gado deve ser feito de maneira sustentável evitando a destruição de espécies da caatinga e a degradação da região.
O objetivo do projeto é a manutenção da biodiversidade da região, para que não faltem os alimentos necessários para os animais, conforme explicou a coordenadora da pesquisa, Ana Clara Rodrigues Cavalcante, pesquisadora da Área de Manejo Sustentável de Pastagens, da Embrapa Caprinos e Ovinos, localizada em Sobral (CE).
De acordo com Ana Clara, são mais de três mil espécies vegetais que se combinam formando a flora da caatinga. Elas podem servir de alimento para os animais.
As plantas que surgem das técnicas da pesquisa são identificadas e estudadas pelo Projeto Forrageiras para o Semiárido, uma parceria entre a Embrapa e a Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA), por meio do seu instituto (ICNA).
O ponto de partida para a pesquisa foi a constatação de que, durante os longos períodos de seca, a perda de rebanho era muito maior em regiões mexidas pelo homem do que em locais pouco alterados.
O trabalho serviu para confirmar cientificamente o saber popular: existem, no semiárido, muitas plantas indicadas para o consumo animal, dentre as quais se destacam as de gosto agradável aos rebanhos, fácil digestão e alto valor nutricional. As mais comuns incluem gramíneas (capins buffel, mimoso, massai e outros) e leguminosas (leucena, gliricídia, catingueira, moringa), além de outras vegetações como milho, sorgo e capim-elefante.
No projeto, são estudados vários tipos de forrageiras: anuais, perenes, lenhosas e cactáceas, em condição solteira (sem outras espécies por perto) e consorciada.
De acordo com a coordenadora da pesquisa, Ana Clara Rodrigues, a estratégia é uma forma de garantir um suporte alimentar adicional e fundamental para a sustentabilidade da caatinga. Além disso, a presença de pequenas áreas de produção intensiva de plantas desse tipo, que servem de reserva estratégica para o período seco, garante o uso mais racional da comida nativa evitando a degradação do bioma.
G1
Foto: Marcelo Brandt/G1