Entrevista: Dernival Oliveira fala com exclusividade da sua ida para o grupo de Luiz de Deus e sobre a sua saída do PP

 Entrevista: Dernival Oliveira fala com exclusividade da sua ida para o grupo de Luiz de Deus e sobre a sua saída do PP

No rol dos políticos mais importantes da região, Dernival Oliveira Júnior “Val”, está inspirado. Arrumou as malas e voltou à sua região, onde se deslocou do ramo empresarial para entrar no meio político como vereador, e pelo destaque que teve quis mais: ser candidato a vice-prefeito no grupo liderado por Luiz de Deus (PSD).

O intento de Val, há mais de 16 anos não foi alcançado. Então por sua conta e risco, o político ingressou no Partido Progressista. Onde está até hoje e viveu a fase áurea da legenda.

Braço direito do governo Lula, o PP cresceu em toda Bahia. Val esteve à frente de projetos estruturantes e em 2014, cravou mais de 32.000 votos, quando se candidatou à Alba.

Hoje, o clima local não permite mais a permanência de Val e dos três vereadores, Pedro Macário, Cícero Bezerra e Bero do Jardim Aeroporto no PP, dada a escolha do deputado Mário Júnior em apoiar o ex-prefeito Anilton Bastos.

A rigor, os vereadores já trabalham para o governo, num acerto que vem de muito antes de o deputado se decidir pela aliança com Anilton.

“É praticamente impossível a gente continuar, eu não queria sair, e acredito que os vereadores também não, mas estamos vendo a natureza do processo, acho que é muito difícil, mas desejo boa sorte a Mário”, disse Val.

Sobre essa fase maiúscula do seu trabalho, no último fim de semana, um político de Paulo Afonso, que pediu o sigilo da fonte, afirmou o seguinte:

“Eles [os progressistas] não elegeram Val com receio de que ele crescesse e se tornasse o nome mais forte do partido em Paulo Afonso, porque era natural que isto acontecesse. Por isso houve traição a Val em pelo menos três municípios que lhe garantiriam a eleição. ”

A entrevista com Val, que recebeu o Painel na sala de estar de sua casa, no Hotel Belvedere Começou com esta pergunta:

Houve mesmo um trabalho deliberado para que o senhor não fosse eleito nas eleições de 2014?

Veja, se você me perguntar hoje, não sei. O que acontecia era que as pessoas procuravam mais a mim do que a Mário [deputado federal Mário Júnior] naturalmente porque muitas dessas pessoas chegaram ao PP por mim. Eu não vejo dessa forma. Mas acredito que com um pouco mais de esforço eu teria ganho, Paulo Afonso e a região teriam ganhado mais um deputado estadual; independente disso, de ter um mandato ou não, eu fico feliz porque trouxemos muitas coisas para cá, com o apoio do Pai [Mário Negromonte], do deputado Mário Júnior e de Ena Vilma, ex-prefeita de Glória. Não posso negar isso. Houve um suma, uma via de mão dupla, eles me ajudaram e eu os ajudei, e muito, inclusive nos votos para deputado.

Por que uma relação que convergia tão bem, cheia de resultados, como essa do senhor com o PP, degringolou? O que aconteceu?

Não aconteceu nada. O deputado Mário Júnior tinha conhecimento do meu pensamento e dos vereadores em relação ao apoiar alguém para prefeito. Eu acho que ele vendo a dificuldade de convencer uma parte do PP a esse apoio [ ao ex-prefeito Anilton Bastos (Podemos)] ele partiu direto, sem fazer uma consulta interna no partido. Não existe raiva da minha parte. Eu saí do grupo, mas não saí do partido, ontem o vice-governador João Leão me telefonou para que eu retornasse, mas eu expliquei que não havia condições de me manter em Salvador; volto depois para conversamos caso eu tenha que sair do PP, e saio pela porta da frente.

Sua amizade com João Leão é concomitante à chegada ao grupo do PP, ou veio depois?

Só aconteceu por causa do PP. Como presidente do PP, em substituição a Mário Negromonte, era ele quem resolvia tudo, então a gente saiu de questões meramente políticas para coisas pessoais. João nunca me propôs nada que não fosse bom para o PP, ele não faria isso nunca.

Políticos que já passaram pelo PP fazem rasgados elogios ao ex-deputado federal Mário Negromente, que é um homem que honra todos os compromissos, e que devem favores a ele, com o filho foi mais complicado Val?

Mário Negromonte é uma pessoa espetacular. Um cara de palavra, que cumpre tudo. E o vejo como um cara muito honesto, se eu falar ao contrário estou mentido, ele é um pai para o grupo. E Mário se cercou de gente de boa índole, é claro que se o partido cresceu na região se deve a ele. Hoje é o maior partido da Bahia em números de deputados e de prefeitos, praticamente pareado com o PSD e se deve isto aos dois, a Mário, no primeiro momento, foi líder cinco vezes seguidas em nível nacional então não é de graça que lidera cinco vezes seguidas. E ele diz uma coisa, independente de Mário Júnior ser filho não é igual. Mas quero dizer que Mário Júnior é um deputado que faz muito por Paulo Afonso.

O que aconteceu que o partido saiu grande em 2014 e degringolou quatro anos depois?

A política é sazonal. As questões de partido ajudam e ao mesmo tempo atrapalham. Então Mário Júnior foi obrigado a votar em coisas que iam de encontro ao que ele acreditava por questões de partido. Isso atrapalhou, e nós, o nosso grupo não soube explicar à sociedade, tudo ocasionou num prejuízo, Mário, 70 mil votos e eu 17 mil.

A segunda parte da entrevista entra na fase nova de Val, secretário extraordinário de articulação governamental

Enquanto estávamos em conversa reservada, Val pegava o celular e ia apontando falhas na gestão. Disse que faltou interlocução de Luiz de Deus na Câmara; que havia muito a ser mostrado à população e que não entende porque a gestão se comunica tão mal.

“Hoje você é obrigado a usar as mídias sociais de forma eficaz, a conversar com a sociedade de forma mais pessoal possível e outra coisa, nada de empurrar as coisas sem antes ouvir os vários seguimentos sociais.

Val tem reunião agora à tarde com o prefeito para discutir estratégias de comunicação entre outros assuntos.

A primeira conversa com Luiz de Deus aconteceu há oito meses quando os políticos estiveram juntos no aeroporto de Paulo Afonso para recepcionar o ministro de Infraestrutura do governo Bolsonaro, Tarcísio Gomes.

Val ainda esperou cerca de oito meses, até que no dia 25 de dezembro, sentou-se em definitivo com Luiz e fechou o acerto. Segundo o secretário, sua decisão foi comunicada ao vice-governador e a Mário Júnior.

“Foi uma conversa fácil porque eu saí sem agredir ninguém. Não é de minha índole fazer isso. Se eu tenho adversário são políticos, e eu nunca deixei de cumprimentar Luiz de Deus nos ambientes onde estávamos.

Qual é a maior dificuldade na gestão de Luiz de Deus, em sua opinião?

Eu sempre achei um bom governo. Peca na interlocução. Tanto com a Câmara como com a sociedade. Falta com os meios sociais.

Luiz de Deus passou parte do seu mandato sem qualquer interlocução na Câmara.

Eu tive a coragem de dizer isto a ele, porque se eu estivesse aqui há mais tempo isso não ocorreria. Não haveria esse desgaste, porque independente de o projeto ser bom politicamente, de ser bom para a sociedade ou ruim para os vereadores, faltou mais esclarecimentos [ Val se refere ao projeto dos 80 milhões de reais e aprovação da renovação do contrato da Embasa]; fui vereador doze anos, e vi sempre que a Câmara era forçada a votar projetos sem discussão. Adianto que já conversei com Luiz de Deus sobre isso, que vou estar na Câmara na abertura dos trabalhos, e com coragem para encarar os desafios.

Como o senhor foi recebido no grupo de Luiz de Deus?

Eu tive até agora pouco contato com as pessoa do grupo de Luiz de Deus, mas eu pergunto o que eles acham de minha vinda?, e pelo que me comentam eles estão satisfeitos. Eu não tomei essa decisão sozinho, eu consultei a minha família, que está cem por cento comigo, perguntei a sociedade e não ouvi uma crítica, a não ser àqueles que eu deixei. E eu já fui em muitos locais e escuto isso, que o certo é ficar com Luiz de Deus porque eu quero o melhor para a minha cidade.

Matéria e foto, exclusiva do Portal Painel

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