Wagner se diz otimista com rumo das negociações com PMs

 Wagner se diz otimista com rumo das negociações com PMs

O governador da Bahia acenou com a possibilidade de parcelar o pagamento de gratificações, mas reafirmou que vai buscar punição para quem cometeu crimes

Após oito dias de greve de parte do efetivo da Polícia Militar do Estado, o governador da Bahia, Jaques Wagner (PT), mostrou nesta terça-feira (7) estar otimista com as negociações e com a possibilidade de a paralisação ser encerrada rapidamente. Wagner indicou que pode conceder uma gratificação exigida pelos grevistas, ainda que de forma parcelada, mas voltou a dizer que aqueles que cometeram crimes desde o início da greve serão punidos.

Para Wagner, o sinal de que as negociações estão avançando de forma produtiva é o fato de que a reunião entre membros de seu governo e líderes grevistas iniciada às 16h30 de segunda-feira (6) foi encerrada apenas às 2h30 da madrugada desta terça. De acordo com o petista, se os diálogos não estivessem avançando, a reunião teria sido interrompida muito antes. Ele afirmou que nesta terça-feira as duas partes se encontram novamente.

O governo é pressionado também pelas seis associações de policiais militares que ainda não aderiram à greve. Elas ameaçam paralisar as atividades ainda nesta semana caso as reivindicações não sejam aceitas e caso haja violência contra os PMs grevistas.

Em entrevista ao Bom Dia Brasil, Wagner afirmou que seu governo concedeu 30% de aumento real aos policiais militares, aumentou o efetivo da PM e disse que vê espaço para pagar a Gratificação de Atividade Policial (GAP) de nível 4. A incorporação desta gratificação ao salário é a principal exigência dos grevistas. “As negociações são em torno desse valor, da chamada GAP 4 e eventualmente até da GAP 5, mas evidentemente isso terá que ser partilhado ao longo de 2013, 2014 e até 2015”, disse. Segundo Wagner, a Bahia não tem dinheiro para fazer o pagamento de uma só vez. “Se for para pagar alguma coisa imediatamente agora, não há menor espaço, porque eu não tenho espaço fiscal para fazê-lo”, afirmou o governador.

Na mesma entrevista, Wagner reafirmou que os PMs que cometeram crimes nos últimos dias serão processados, pois caso contrário o exemplo deixado nos últimos dias serviria como um salvo-conduto para ações iguais no futuro. “Tenho certeza que 99% não participaram de atos como esses. Esses não precisam se preocupar porque entendo que se movimentaram na busca de melhores salários”, disse.

Desde o início da greve dos policiais militares, foram registrados mais de 90 assassinatos na Região Metropolitana de Salvador, um número bastante significativo se comparado com as 171 mortes ocorridas em todo o mês de fevereiro de 2011. Wagner afirmou na semana passada acreditar que PM estavam envolvidos em crimes ocorridos neste período e o ministro da Justiça, José Eduardo Cardozo (PT), disse que vagas em presídios federais seriam reservadas para os PMs presos.

A Justiça considerou a paralisação ilegal e determinou a prisão de 12 PMs que teriam cometido crimes. Até aqui, apenas um deles foi preso e acredita-se que os outros 11 estejam acampados na Assembleia Legislativa em Salvador, onde dezenas de grevistas e familiares montaram acampamento desde semana passada. Na manhã desta segunda-feira (6), tropas do Exército, da Força Nacional de Segurança e do Comando de Operações Táticas da Polícia Federal cercaram o local. O isolamento provocou tensão entre grevistas e forças de segurança, que dispararam tiros de bala de borracha para evitar violações do bloqueio. Na madrugada desta terça-feira, algumas mulheres e crianças que estavam no local, além de um policial militar, abandonaram a ocupação. Quem continua no local não tem mais acesso a água, luz ou alimentos.

No fim de semana, Jaques Wagner prometeu que a ocupação não seria debelada de forma violenta. revistaepoca.gloco.com

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