Demóstenes Torres – A Decepção

 Demóstenes Torres – A Decepção

Demóstenes Torres

Estamos, mais uma vez, decepcionados. Ouvimos, através de fita gravada pela Polícia Federal, o senador Demóstenes Torres em tratativas com o bicheiro Carlos Cachoeira. Já havíamos nos decepcionado com o deputado  Roberto Jefferson anos atrás.

Demóstenes Torres

Como era bom ouvir a oratória do deputado e testemunhar o vigor cívico do senador!  Oravam bem.Jefferson era simpático, principalmente quando a oração vinha acompanhada denotas musicais, embora desentoadas (o deputado estudava canto). O senador era –parecia – seguro.  Era um jurista que,pensávamos, explorava a lei para o nosso bem. Explorava  para a conveniência da contravenção. Pelo menos é o que mostra inequivocamente a gravação tocada para nós.

Embora a bíblia nos admoeste a não confiar em ninguém, confessamos (quero crer que o leitor também) que o baque foi grande. Logo Demóstenes! Logo quem parecia sincero. Logo aquele que costumava enfrentar o Presidente Sarney de dedo em riste. Demóstenes parecia uma ilha isolada de comprometimento que, pensávamos, era a favor do povo. Perdemos uma competência no Senado. Como gostaríamos de não estar escrevendo o que escrevemos. Ah, se pudéssemos reverter as coisas! Ah, se fosse um sonho, melhor dizendo, um pesadelo! Gostaríamos de acordar e dizer: graças a Deus foi um pesadelo. O Demóstenes não é nada daquilo que vi – e ouvi. Mas não é pesadelo. De decepção em decepção, vamos amadurecendo.

Resta a esperança que os tombos nos induzam a pensar melhor em quem votamos. Quem nós estamos mandando para as câmaras? Mandamos os melhores e mais comprometidos ou mandamos os que servem melhor aos nossos interesses individuais? Mandamos os bons ou mandamos os que nos prestam pequenos favores esquecidos nos dias seguintes?

Nada mais a comentar. Perdemos uma pérola de competência infelizmente cooptada pela facilidade do enriquecimento fácil. Afinal, está escrito, na ânsia de enriquecer ( ter o poder), muitos se perdem.

 

Francisco Nery Júnior

Francisco Nery Júnior

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