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Congresso – Oposição arma estratégia para levar Negromonte à Câmara
Antes, PSDB, DEM e PPS querem ouvir assessores que participaram de fraude.
Lideranças da oposição se reúnem nesta terça-feira para armar uma estratégia de convocação do ministro das Cidades, Mario Negromonte (PP), para depor no Congresso. Antes do ministro, os oposicionistas pretendem ouvir os envolvidos no escândalo da fraude do documento que abriu caminho para a aprovação de projeto de Veículo Leve sobre Trilhos (VLT), em Cuiabá, encarecendo em 700 milhões de reais a obra de mobilidade urbana para a Copa do Mundo de 2014.
Na reunião de lideranças do PPS, do PSDB e do DEM, prevista para esta tarde, a oposição vai acertar os detalhes para trazer diretora de Mobilidade Urbana do Ministério das Cidades, Luiza Gomide Vianna, e o chefe de gabinete do ministro, Cássio Peixoto. Na semana passada, o jornal O Estado de S. Paulo revelou que Luiza mudou o parecer que vetava uma alteração defendida pelo governo de Mato Grosso. A mudança foi feita a pedido de Cássio Peixoto.
A troca aumentou o custo do projeto em 700 milhões de reais, atingindo 1,2 bilhão de reais. A oposição também quer ouvir Higor Guerra, analista de infraestrutura do Ministério, cujo parecer que rejeitava a troca do BRT pelo VLT foi fraudado para permitira implantação de sistema em Cuiabá. “Primeiro queremos ouvir todos os envolvidos para depois ouvir o ministro”, explicou o líder do DEM na Câmara, Antonio Carlos Magalhães Neto (BA).
A ideia é tentar aprovar o depoimento dos envolvidos no episódio e do ministro Negromonte na Comissão de Fiscalização e Controle da Câmara. A oposição teme, no entanto, encontrar dificuldades. Antes a comissão era presidida por um deputado oposicionista, Sergio Brito (BA), que deixou o DEM e foi para o PSD. Agora, passou a ser presidida pelo governista Filipe Pereira (PSC-RJ).
Escândalos – Reportagem de VEJA revelou, em agosto, informações que foram levadas à ministra de Relações Institucionais, Ideli Salvatti, por parlamentares do PP. Em guerra aberta com uma parte da legenda pelo controle do partido, Negromonte estaria transformando o ministério num apêndice partidário e usando seu gabinete para tentar cooptar apoio. Segundo relatos dos deputados que foram convocados para reuniões na pasta, as ofertas em troca de apoio incluem uma mesada de 30.000 reais para quem aderir.
Choro – Atolado em escândalos, o ministrou saiu-se com uma estratégia comum a políticos encrencados na última sexta-feira: culpou a imprensa por ter caído em desgraça. Durante pronunciamento em Salvador, Negromonte afirmou ser vítima de “fogo amigo” dentro do governo e acusou a imprensa de ser preconceituosa com mulheres e nordestinos. “Identifico fogo amigo, claro que sim! Partidos da base aliada e o próprio PP nacional – não da Bahia – têm interesse no Ministério”, acusou. “As denúncias surgem porque o Ministério é importante. A gente toma conta de diversos programas, como o Minha Casa, Minha Vida, de 170 bilhões de reais, o de saneamento básico, de 50 bilhões de reais, o de mobilidade urbana, de 30 bilhões de reais. E a gente contraria muitos interesses. Aqui e acolá tem meia dúzia de insatisfeitos na bancada, é normal”
Aos prantos, o deputado eleito pela Bahia, Negromonte acusou a “imprensa do sul” de ser preconceituosa. “As denúncias vêm de parte da imprensa, insatisfeita com o governo federal, interessada em enfraquecer a presidente Dilma Rousseff”, afirmou. “É uma mulher e existe discriminação. Existe discriminação com o nordestino também. Fizeram uma ilação com a Festa do Bode (Negromonte é acusado de tráfico de influência para ajudar a financiar o evento). Se fosse a Festa da Uva ou da Maçã, certamente ninguém faria discriminação. Mas como é Festa do Bode, coisa de nordestino, e o ministro é nordestino, tome cacetada”.
(com Agência Estado)