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Comércio entre Brasil e China ganha reforço com adoção de mecanismo de transações financeiras em moeda local
Rio de Janeiro – O Brasil e a China assinarão, na próxima semana, um protocolo financeiro de crédito recíproco em moeda local, denominado swap agreement, no valor de R$ 60 bilhões – o equivalente a US$ 30 bilhões e cerca de 190 bilhões de yuans, a moeda chinesa. Só o comércio entre os dois países movimentou US$ 84,5 bilhões, em 2011, com saldo favorável ao Brasil. O ministro da Fazenda, Guido Mantega, disse hoje (21) que os últimos detalhes do acordo estão sendo fechados.
A decisão foi negociada durante reunião bilateral entre a presidenta Dilma Rousseff e o primeiro-ministro da China, Wen Jiabao, na tarde de quinta-feira. As conversas ocorreram no intervalo das reuniões de chefes de Estado e Governo da Conferência das Nações Unidas sobre Desenvolvimento Sustentável, Rio+20.
A China é o principal parceiro comercial do Brasil superando os Estados Unidos. Mantega explicou que a medida é uma garantia de que as relações comerciais entre as duas economias não serão afetadas pela crise econômica internacional. Segundo ele, com o acordo, ambos os governos podem sacar até o limite do valor para investimentos recíprocos.
O ministro disse ainda que, no caso de um agravamento do cenário econômico mundial, que possa afetar a disponibilidade de crédito comercial, a China e o Brasil terão segurança nas transações, pois contarão com a reserva em moeda local. Mantega lembrou que o acordo com os chineses é uma precaução em relação aos impactos causados pelo agravamento da crise.
“Em um outro momento, tivemos congelamento do comércio internacional. Estamos criando uma modalidade para contornar movimentos como esse”, disse o ministro. De acordo com ele, o interesse do governo é reforçar a situação financeira com a China em um cenário, no qual a economia do mundo está “estressada”.
Mantega lembrou que o governo havia sinalizado com o interesse de ampliar essa modalidade de crédito recíproco para todos os países do Brics, bloco formado pelo Brasil, a Rússia, Índia, China e África do Sul. “Primeiro, será a China. Depois que conseguirmos configurar o fundo de reservas, vamos ampliar para os outros”, disse Mantega, destacando que o fundo de reserva do grupo soma US$ 4,5 trilhões.
“Nosso movimento leva em conta que os países desenvolvidos estão em crise e que as economias mais dinâmicas agora são as dos países emergentes [Brics], que têm que compartilhar seu dinamismo”, acrescentou. “Os países do Brics são uma parceria que estão dando certo pelo dinamismo.”
O ministro da Fazenda disse que o Brasil percebe como oportunidade para “abrir portas” o fato de os mercados europeus e norte-americano estarem retraídos em decorrência dos efeitos da crise econômica internacional e ampliando as parcerias com a China.
Lembrando que as exportações brasileiras para a China se concentram em commodities (bens primários com cotação no mercado financeiro), ele disse que o governo brasileiro quer aproveitar a ocasião para estimular as vendas externas também de manufaturados para os chineses. “Temos um cenário diferente no qual a situação europeia se agrava e os mercados estão travados. Isso faz com que seja mais fácil prosperar um acordo com o Brasil. Os [países] avançados vão ficar para trás e os emergentes vão avançando”, ressaltou. Agência Brasil