Na reta final das eleições, a disputa pelo eleitor indeciso

 Na reta final das eleições, a disputa pelo eleitor indeciso

Candidatos intensificam campanha na rua e partem para o vale tudo na TV no objetivo de conquistar os 30% de eleitorado indeciso na cidade de São Paulo

A última semana de campanha antes do primeiro turno das eleições municipais no país será marcada por uma caçada pelo voto dos eleitores “de última hora”. Em São Paulo, o maior colégio eleitoral brasileiro – 8,6 milhões de votos -, mais de 30% do eleitorado, segundo a última pesquisa espontânea de intenção de votos do Datafolha, afirma que ainda não sabe em quem votar. O suficiente para dar uma reviravolta no resultado das urnas.

“Esse contingente pode decidir a eleição em São Paulo”, afirma Carlos Manhanelli, especialista em marketing político e presidente da Associação Brasileira dos Consultores Políticos. “As pesquisas deixam claro que tem alguém na frente, mas esse número de indecisos pode acabar com esse alguém rapidamente.”

Para conquistar esse voto dos indecisos e reforçar os que já têm, os candidatos colocarão na rua todo seu exército. O esforço vale especialmente para José Serra (PSDB), que está em segundo lugar e hoje disputaria o segundo turno contra o líder das pesquisas, Celso Russomanno, e para Fernando Haddad (PT), que segue em terceiro lugar. A escolha dos locais onde são direcionadas as atividades da reta final da campanha geralmente é decidida de acordo com pesquisas quantitativas que mostram regiões com maior possibilidade de amealhar votos, afirma Manhanelli.

O PSDB fez carreatas pela cidade neste sábado e comício em Vila Matilde, na Zona Leste, precedido de cinco grandes carreatas. Atualmente, Serra tem participado de uma média de seis a sete eventos por dia. “Vamos ver o que é possível intensificar da agenda na reta final”, afirmou uma dos coordenadores da campanha tucana.

Os petistas também realizaram carreatas e dois comícios na Zona Leste neste fim de semana, com a presença do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, principal cabo eleitoral de Haddad, da ministra da Cultura e ex-prefeita, Marta Suplicy, e do senador Eduardo Suplicy. Para esta segunda-feira, está programado um comício com a presidente Dilma Rousseff, em Guaianases, Zona Leste. Para a sexta-feira, dois dias antes da eleição, quando já não será mais permitida a realização de comícios e utilização de carros de som, a partido realiza uma caminhada “silenciosa” no centro da cidade.

“Os políticos guardam recursos para fazer uma campanha de rua mais ostensiva na última semana, e os candidatos aos cargos proporcionais fazem atividade de rua mais intensa”, explica o cientista político e professor da Universidade Federal do Rio de Janeiro, Jairo Nicolau. Ele ressalta que é também na última semana de campanha que o horário eleitoral volta a ter audiência, o que deve fazer o discurso ficar ainda mais agressivo até o último programa, na quinta-feira. “Também é uma semana de debate. Esse período afeta a vida e a escolha do eleitor. Algumas viradas às vezes são fruto disso”, explica.

O tão aguardado debate é o realizado pela Rede Globo, emissora de maior audiência no país. Entretanto, a realização do programa ainda depende de uma disputa judicial com o candidato do PRTB, Levy Fidélix, que exige participar do debate. Ainda assim, ele pode não ter poder decisivo tão grande. “O que mais influencia é a repercussão do debate no dia seguinte pela imprensa. O debate em si, nos formatos que tem hoje, é meio sonolento e vai ao ar muito tarde”, explica o cientista político Cesar Romero Jacob.

Cenário – As pesquisas da última semana de campanha devem refletir o resultado da intensificação do esforço dos candidatos na rua e na TV. A tendência é que a diferença entre os três primeiros colocados diminua ainda mais.

Outras variáveis passam a contar a partir de agora, entre elas o chamado “voto útil”. Ele acontece quando um eleitor troca sua preferência eleitoral por uma razão estratégica. Por exemplo: o eleitor de Soninha Francine (PPS) ou Gabriel Chalita (PMDB), quando vê nas pesquisas que seu candidato não tem chance, decide votar em Haddad ou Serra, dependendo do candidato que quer na disputa do segundo turno contra Russomanno.

Com decorrer da campanha, as pesquisas mostraram que a disputa no segundo turno também fica cada vez mais acirrada. Apesar de ganhar nas duas simulações da última pesquisa Datafolha, a vantagem de Russomanno vai diminuindo a cada consulta ao eleitorado.

A história mostra, ainda, que resta tempo para uma possível virada. O exemplo está na última eleição para prefeito da cidade, em 2008, quando Marta Suplicy (PT) liderava as pesquisas com 37% das intenções de votos a uma semana da votação, contra 27% de Kassab. O atual prefeito só ultrapassou a candidata petista no momento em que a população foi às urnas.

Veja.abril.com.br

 

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