Com Pimentel, denúncias chegam à ‘cota de Dilma’

 Com Pimentel, denúncias chegam à ‘cota de Dilma’

As acusações contra o ministro do Desenvolvimento, Fernando Pimentel, são as primeiras a atingir diretamente um ministro da cota pessoal da presidente Dilma Rousseff.

Diferentemente de Antonio Palocci, que, a despeito da proximidade que adquiriu com Dilma na campanha e nos meses iniciais do governo, era de início um homem de Lula, Pimentel é um dos poucos amigos que Dilma tem em Brasília.

Os dois militaram juntos na Colina e depois na VAR, duas organizações que atuaram na resistência à ditadura militar e depois optaram pela luta armada.

Ambos foram presos e foram levados juntos ao banco dos réus pela Justiça Militar em 1972.

Continuaram amigos ao longo da vida e Pimentel foi chamado para ser um dos coordenadores da campanha presidencial.

Ali Dilma bancou pela primeira vez o auxiliar e amigo: ainda no início da campanha, Pimentel se indispôs com o grupo de São Paulo do PT e muitos apostaram que deixaria a coordenação. Dilma o manteve e, depois de um período fora dos holofotes, ele reassumiu suas atribuições e as manteve até a eleição.

Logo depois de eleita Dilma assegurou ao ministro que ele estaria no primeiro escalão, antes ainda de definir em que pasta.

E, ao longo deste primeiro ano, não foram poucos os sinais de deferência: Pimentel foi um dos primeiros a lançar um programa de impacto, marca da nova gestão, o Brasil Maior, de competitividade.

Além disso, tem sido costumeiramente ouvido em questões relacionadas à economia e à política. É chamado ao gabinete presidencial com frequência maior que alguns ministros do Palácio do Planalto.

Por fim, foram poucas as comitivas de viagens internacionais de Dilma das quais o ministro do Desenvolvimento e Comércio Exterior não fez parte.

Portanto, não será uma decisão trivial para Dilma abrir mão de um de seus ministros mais próximos.

É por isso que oposição e partidos aliados que já foram vítimas do “dominó de ministros” na Esplanada assistem com especial atenção à crise envolvendo os ganhos da consultoria de Pimentel e as relações de seus clientes com a Prefeitura de Belo Horizonte, que ele ocupou –reveladas inicialmente pelo jornal “O Globo”.

Já há aliados prontos para vocalizar descontentamento caso se confirme o prognóstico de que Dilma será menos disposta a aplicar em Pimentel as lições da “faxina” que varreu para fora do governo sete ministros no primeiro ano de mandato.

Escrito por Vera Magalhães /Da Folha.com

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