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Quem disse que era fácil? Por Sérgio Montenegro Filho
As duras investidas que o governador Eduardo Campos (PSB) tem recebido nos últimos dias contra seu projeto presidencial não constituem nenhuma surpresa. Muito menos para os socialistas que, ao estimularem uma candidatura – mesmo que, por enquanto, ainda nos bastidores –, sabem que estão pisando em terreno minado. O da reeleição da presidente Dilma Rousseff (PT).
Embora tenha sempre afirmado considerar o governador de Pernambuco como um filho, o ex-presidente Lula tem em Dilma a sua maior criação. E diante das movimentações de Eduardo, tratou imediatamente de protegê-la. Por isso, ao insinuar que o ex-presidente estaria por trás da tentativa de motim no PSB – comandada pelos irmãos Ciro e Cid Ferreira Gomes –, o líder socialista pode ter toda razão. Afinal, Lula nunca pegou leve no jogo político, e não seria dessa vez que iria mudar de estilo.
É bom lembrar que Eduardo Campos também não é um político ingênuo, ao ponto de acreditar que sua investida no plano nacional ficaria sem resposta por parte do PT, partido que trabalhou durante anos para chegar ao poder e, agora que está lá, obviamente não pretende abrir mão dele facilmente.
Levando tudo isso em conta – e acrescentando os índices de popularidade de Dilma, apesar dos tropeços na economia –, Eduardo sabia que o cerco seria armado logo cedo para tentar dissuadi-lo do projeto ou, no mínimo, evitar seu crescimento aos olhos do eleitor.
A estratégia começou discreta, com um aviso subliminar: uma visita do governador baiano Jaques Wagner (PT) ao colega socialista, na qual reforçou a alternativa de ele assumir a vice de Dilma na chapa da reeleição. Hipótese com a qual, aparentemente, o PSB não trabalha.
Descartado o aceno, foi a vez de Lula ir buscar reforços na “casa” do próprio Eduardo Campos. Ciente de que o ex-ministro Ciro Gomes e seu irmão, o governador Cid Gomes, tentam há anos articular uma oposição ao comando de Eduardo dentro do PSB, sem sucesso, Lula fez – e fará mais – afagos públicos a ambos, renovando as esperanças dos dois cearenses de confrontar a liderança do chefe.
Se depender de Eduardo, porém, o plano não deve vingar. Além da força política e da ampla fidelidade que ele dispõe no partido, o governador de Pernambuco nunca levou muito a sério as investidas dos Ferreira Gomes.
Mesmo assim, seria natural que Eduardo assumisse uma postura de mais cautela, convocando sua tropa de choque para, a partir de agora, encarar com mais atenção o que vem por aí.
Porque se antes o projeto de candidatura presidencial do PSB era algo apenas comentado, no momento em que foi posto em prática – com as peregrinações do governador pernambucano pelo País afora – todos os sinais de alarme começaram a soar. Tanto no Palácio do Planalto como no PT. E até no PMDB do vice-presidente Michel Temer, que detestaria ver os socialistas assumirem o seu lugar.
O grosso da briga, porém, acontecerá nos bastidores. Para manter as aparências, Eduardo Campos insistirá, publicamente, no discurso positivo, de ajudar a presidente a “ganhar 2013” na economia. Pode não convencer, mas está agindo de forma correta. Se Dilma fracassar, ele, como fiel aliado, poderá dizer que fez a sua parte. E, a partir de então, estará liberado para cuidar do próprio projeto.
Enquanto isso, no entanto, o governador deve traçar suas estratégias de defesa. Porque, ao que se conhece de Lula e companhia, a ofensiva que o PT é capaz de montar contra a sua candidatura é capaz de fazer a disputa com o PSDB de Aécio Neves – até agora seu único adversário declarado – parecer brincadeira de criança.
Por Sérgio Montenegro Filho
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