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Dois de Julho cresce como espetáculo cultural da Bahia
Programação paralela ressalta força popular dos festejos em Salvador
A mais importante festa cívica de Salvador, o 2 de Julho, comemorada na data da Independência do Brasil na Bahia, fica maior este ano. O que era um desfile pelas ruas do centro histórico da capital, cresce e se transforma em um espetáculo variado para celebrar os 190 anos das lutas entre baianos que defenderam o Brasil contra a dominação portuguesa. “Vamos aproveitar a força popular da festa para resgatar uma cultura típica que ameaças e perder até mesmo no Carnaval”, promete Fernando Guerreiro, diretor de teatro e presidente da Fundação Gregório de Matos (FGM), entidade cultural do município que produz a festa.
Além de comemorar 190 anos de história, a data da Independência tem outras razões para ficar maior. No inicio deste mês foi sancionada pela presidência da República como integrante do calendário das chamadas “efemérides nacionais”. A Lei 12.819 foi assinada dia 5 pela presidente Dilma Rousseff. Com esses motivos para crescer, os festejos acontecem de domingo (30) até o próximo dia 6, incluindo a programação paralela de eventos culturais.
Ópera e decoração – Entre os destaques estão a decoração cenográfica nas ruas em um percurso com mais de cinco quilômetros, entre o Largo da Lapinha e a Praça 2 de Julho, conhecida como Campo Grande;apresentação especial da ópera “Dois de Julho, a Ópera da Independência” em praça pública, no Terreiro de Jesus, no Centro Histórico; o lançamento do filme “Os Heróis do Brasil – A Independência na Bahia”, que mostra a estratégia e os heróis das lutas; e até uma galeria a céu aberto com retratos dos personagens que se destacaram nas lutas baianas de 1823, que aconteceu um ano antes da Independência do Brasil.
No entanto, para se transformar num grande espetáculo este ano, a festa do 2 de Julho mantém como base o grande desfile popular de escolas e entidades públicas. É um cortejo que acontece exatamente no dia 2, às 9h30min, conduzindo dois carros alegóricos com as figuras de índios, “o Caboclo” e “A Cabocla”, pelas ruas históricas.
As esculturas do início do século XIX, em estilonaif com figurino feito com penas e contas naturais, simbolizam os brasileiros que lutaram contra os portugueses. “A gente chega a incluir mais de cinco mil pessoas neste desfile. Para acompanhar tudo isto são mais de 100 mil pessoas nas ruas fazendo o que se duvida para também participar da festa”, conta, em tom divertido, a produtora cultural Célia dos Humildes, gerente de Promoções Culturais da FGM.
Célia produz o desfile há 13 anos, ao lado do produtor Bernardo Loureiro. Logo que começou a administração do prefeito Antonio Carlos Magalhães Neto e a escolha de Fernando Guerreiro como titular da FGM, ela foi convidada para uma reunião especial que incluiu também o designer Alberto Pitta, criador do bloco Cortejo Afro. Esta entidade ganhou destaque no carnaval de Salvador por atrair celebridades para desfilar na folia de Salvador, como a top model londrina Naomi Campbell e a pop star islandesa Björk, ganhadora do Prêmio Nobel da Música.
Desfile- Fernando Guerreiro não esconde que assumiu a presidência da FGM pensando na festa da Independência da Bahia. Ele se destacou nacionalmente no teatro com a direção de várias peças que continuam sendo reapresentada em vários estados, como “A Bofetada”, “Os Cafajestes” e ”Oficina Condensada”, todas fazendo referencia ao comportamento baiano.
“Sempre fui fascinado pelo desfile nas ruas. Via o povo entusiasmado pelos carros do Caboclo e da Cabocla, aquelas cenas de verdadeiro frenesi misturando religião e festa, e fui reforçando o interesse por uma pesquisa mais ampla dessa cultura”, diz, ao confessar que menos de um semestre é pouco para planejar uma mudança grandiosa como festa como imagina.“Mas tive a surpresa de contar com uma equipe que me entusiasma. Certamente, agente deve acrescentar mais no próximo ano”, completa. Agecom