Prefeitura suspende atividades, em decorrência da infecção de servidores pela covid-19
Em recado a Dilma, Eduardo diz a empresários que não torce pelo pior e que o Brasil deseja mais
O governador Eduardo Campos aproveitou um seminário sobre desenvolvimento regional, na manhã de sexta-feira, na Fiepe, para mandar uma série de recados políticos, em uma interpretação possível diante do cenário de crescente antagonismo com o governo Federal. Eduardo não usou o nome de Dilma, nem de Lula, mas em várias situações, em um discurso de quase meia hora, fez alusões aos dois personagens da política nacional.
As falas mais políticas surgiram já no final do discurso. “Quanto melhor para o Brasil, melhor para nós. A proporção de dificuldades (para o Nordeste) é sempre diferente. Não estamos fazendo aqui cabo de aço. Não somos donos da verdade. É diferente desejar mais. O Brasil deseja mais. O desejo aqui é só contribuir (com o debate)”, declarou.
O discurso de Eduardo, mais uma vez, foi centrado na questão do federalismo, divisão dos recursos público. Para descontrair o ambiente, Campos usou uma anedota contada por Ariano Suassuna em suas aulas. “Quem disse que cachorro só gosta de osso? Só dão osso para os cachorros. Dêem file para ver se ele não come?”, contou.
Numa alusão ao momento atual, Eduardo Campos comentou os protestos de rua no Brasil. “A força das ruas deve ser usada como energia para embalar esses sonhos. Tudo isto tem que acender esperanças”, comentou, recomendando mais uma vez a divisão do bolo federativo como solução.
“As ruas pediram mais cidadania, serviços públicos melhores, inclusão. Mas não poderemos fazer isto se não tivermos um novo pacto federativo”, afirmou.
O poder local, legalmente eleito, na sua avaliação, deve ser responsável pela busca de mais recursos e da capacidade de liderar as realizações que as pessoas pediram.
Na sua palestra, o governador apresentou duas, de 40 lâminas, sobre o desenvolvimento regional. Numa delas, sobre o PIB per Capita, a evolução mostra que o Nordeste precisou de 40 anos para elevar em 10% o indicador.
Outro dado, referente a um estudo do Bando do Nordeste (BNB), mostraria que a região Nordeste precisa crescer 3% acima da taxa nacional por 16 anos seguidos e consecutivos para elevar a participação no PIB nacional.
Com essas observações, o governador tentava acentuar que seria necessário fazer mais pela região e combater a concentração de renda. “Precisamos buscar outras saídas”, disse.
Sem citar os governos de Lula e Dilma, Eduardo Campos afirmou que aumento do salário mínimo, rede social, expansão do crédito, obras públicas em maior ou menor velocidade, foram importantes., mas não terão mais os mesmos efeitos esperados para a expansão da economia.
Ele mostrou ainda tabelas apontando que 50% do PIB Nacional estavam concentrados em 54 dos 5.565 municípios brasileiros.
Em dado momento, fez alusão ao pré-sal e ao risco de concentração econômica em áreas já detentoras de desenvolvimento associado à esse tipo de indústria com base já instalada.
Solidariedade nordestina
“Já superamos a fase de que cada estado deve construir uma solução. Mais maduros, aprendemos com a história a buscar uma história com uma visão de conjunto”.
Na mesma linha do discurso regionalista, Eduardo Campos afirmou que o Nordeste é a solução para um Brasil mais justo e mais equilibrado.
Crítica ao modelo de desenvolvimento
Na mesma linha de Eduardo, o movimento Integra Brasil também morde e assopra dilma.
Em dado trecho, elogia que o governo federal lançou o programa de Aceleração do Crescimento (PAC) e Minha Casa, Minha Vida, ambos de caráter desconcentrador em termos regionais. Somam-se ainda programas de compras, com destaque para a aquisição de sondas e de navios, com estaleiros no Maranhão, Pernambuco, Alagoas e Bahia, e de refinarias, inclusive em função das descobertas do pré-sal, beneficiando os Estados do Maranhão, Ceará e Pernambuco. O resultado de todo esse movimento, combinando políticas sociais e econômicas, desemboca na drástica redução da pobreza, em avanços na educação superior e no aumento expressivo do emprego formal.
“No entanto, tudo isso resulta de políticas nacionais de corte setorial; as clássicas políticas regionais explícitas não tiveram prioridade; o próprio Ministério da Integração Nacional (MI), responsável pela Política Nacional de Desenvolvimento Regional (PNDR), continuou com o foco em obras hídricas, e a Sudene, recriada, tornou-se um órgão de acanhada atuação”, explica a palestrante doutora em Economia, Tânia Bacelar. Blog de Jamildo