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MEC volta atrás e cancela testes de mais 500 participantes do Enem
Quarenta dias depois de ser informado pela PF que vazamento da prova era maior, ministério anula 14 questões de estudantes de cursinho do CE
Exatos quarenta dias após ser informado pela Polícia Federal que o vazamento do Exame Nacional do Ensino Médio (2011) era maior do que admitia, o Ministério da Educação (MEC), enfim, voltou atrás e ampliou o cancelamento de questões da prova. Agora, além dos 639 estudantes do ensino regular do Colégio Christus, os 500 alunos do curso pré-vestivular da mesma instituição também terão as 14 questões vazadas canceladas em sua média final.
É a decisão justa, já que o cancelamento agora atinge todos os participantes que tiveram acesso privilegiado à prova. Mas é uma decisão tardia. Como já foi dito, há 40 dias o MEC sabe que o vazamento não se restringia aos estudantes do Colégio. Confrontado com as evidências, o MEC se calou. Em entrevista a VEJA.com no dia 9 deste mês, um assessor direto do ministro Fernando Haddad afirmou que “os indícios apresentados pela PF não foram considerados fortes o suficiente”. Se não eram fortes naquela data, o MEC deve explicar quais são as novas informações que levaram ao cancelamento.
O assunto do vazamento, contudo, não deve de maneira alguma ser encerrado com a decisão tardia desta quarta-feira. Como revelou reportagem de VEJA.com desta segunda-feira, a PF colheu testemunhos que colocam em xeque a lisura da elaboração do Enem, durante a fase conhecida como pré-teste. Nessa fase, questões que poderão ser apresentadas no Enem são testadas por estudantes, com o objetivo de determinar o grau de dificuldade dos testes. Só então, as questões seguem para o banco de dados do Enem e, em seguida, são aplicadas no exame federal.
Segundo depoimentos de um profissional que prestava serviços para a Cesgranrio, fundação contratada pelo Inep para aplicar o pré-teste, houve uma falha grave na realização dessa etapa. Os profissionais contratados para fiscalizar a aplicação do pré-teste em Fortaleza em 2010, justamente no Colégio Christus, mantinham laços profundos com a escola. Além de contrária ao bom-senso, a prática era proibida também pelo MEC. É uma forma de garantir a aplicação do princípio da isonomia, segundo o qual todos os participantes devem estar submetidos às mesmas condições ao realizar a prova. Da veja.abril.com.br