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Renúncia de Genoino foi decisão política, avaliam especialistas
A decisão do ex-presidente do PT e agora ex-parlamentar José Genoino (SP) de entregar o mandato de deputado federal teve motivação política. Essa é a avaliação dos cientistas políticos ouvidos pelo R7, após o petista entregar, na última terça-feira (3), sua carta de renúncia na Câmara dos Deputados.
Para os especialistas, o objetivo de Genoino é evitar um desgaste da imagem do PT a menos de um ano das eleições, além de facilitar a formação de alianças para a campanha do ano que vem.
O cientista político e professor de História Contemporânea da Iuperj (Instituto Universitário de Pesquisas do Rio de Janeiro) Francisco Teixeira avalia que o PT apostou na história de Genoino para tentar reverter a percepção da opinião pública sobre o julgamento do mensalão. Por isso, a renúncia não era esperada.
No entanto, segundo o especialista, a situação do deputado estava atrapalhando alianças políticas até entre partidos aliados, como o PMDB. Segundo Teixeira, entregar o mandato foi a melhor forma encontrada para evitar desgaste político.
— O PMDB estava decidido a levar a cassação de Genoino para apreciação no plenário antes do fim da licença médica dele. Isso iria causar um grande desgaste entre a cúpula do PT e a do PMDB. A renúncia facilita a composição dentro da Câmara entre PT e PMDB.
Na avaliação do professor, o que pesou contra Genoino foi o laudo da junta médica da Câmara dos Deputados, que negou a aposentadoria por invalidez do deputado e atestou que a doença não era grave. Com os médicos da própria Casa atestando que ele não corre risco, ficaria complicado escapar da cassação e o processo poderia prejudicar o PT na campanha eleitoral.
— Ele agiu pensando no jogo eleitoral e agiu de forma muito política. É possível que ela esteja cansando e não queria se expor mais, mas foi uma decisão política.
Para o cientista político da UnB (Universidade de Brasília) David Fleischer, a renúncia foi a melhor saída para Genoino. O professor também acredita que o ex-deputado não queria encarar um novo julgamento, dessa vez na Câmara dos Deputados.
— Foi a saída mais correta. Se ele não renunciasse, passaria por todo aquele processo de cassação. Ele quis evitar esse desgaste.
Na avaliação de Fleischer, o fato de agora os processos de cassação de mandato serem decididos em voto aberto também pesou na decisão de Genoino.
Mais renúncias
Para o cientista política da UnB, a tendência é que os outros deputados condenados no processo do mensalão, Pedro Henry (PP-MT), João Paulo Cunha (PT-SP) e Valdemar Costa Neto (PR-SP), também apresentam a renúncia para escapar da cassação.
Segundo David Fleischer, essa é a melhor opção para não prejudicar os respectivos partidos em ano eleitoral.
— Parece que os outros que são deputados também vão renunciar. Evita o desgaste, evita manchar ainda mais o partido. A legenda também quer evitar o desgaste próximo à eleição, deve haver uma pressão dos partidos nesse sentido.
Já o professor do Iuperj avalia que os deputados não têm nada a perder ao enfrentar o processo de cassação. Segundo Fransciso Teixeira, como os partidos são pequenos, não há tanto impacto no processo eleitoral.
— A gente está vendo figuras se apegando ao mandato muito fortemente. E são partidos pequenos, que não estão em jogo eleitoral. Não são vitrine, como o PT é.
Henry e Costa Neto ainda não tiveram as prisões decretada pelo STF. O relator do processo do mensalão, ministro Joaquim Barbosa, pode expedir os mandatos a qualquer momento. Já o petista João Paulo Cunha terá mais tempo em casa porque tem direito aos embargos infringentes pelos crimes a que foi condenado. R7