CPI mista será comandada pelo mesmo presidente da CPI do Senado

 CPI mista será comandada pelo mesmo presidente da CPI do Senado

Vital do Rêgo (PMDB) presidirá as comissões que investigarão a Petrobras. Deputado Marco Maia, ex-presidente da Câmara, será o relator da CPMI.

A Comissão Parlamentar Mista de Inquérito (CPMI) criada para investigar denúncias contra a Petrobras será comandada pelo mesmo presidente da CPI exclusiva do Senado que apura as suspeitas contra a estatal do petróleo. Os 16 deputados e 16 senadores que compõem a comissão mista elegeram nesta quarta-feira (28) o senador Vital do Rêgo (PMDB-PB) para a presidência do colegiado. O parlamentar governista desempenha a mesma função na CPI do Senado.cpi mista

Diante de uma expressiva maioria governista, a oposição sofreu sua primeira derrota na CPI mista. Apesar de integrar um partido da base aliada, o deputado Enio Bacci (PDT-RS) se lançou para a vaga de presidente da comissão, contrariando a orientação do governo, tendo ao seu lado, como candidato a vice, o líder do oposicionista Solidariedade, Fernando Francischini (PR).

Apoiado pelos governistas, o senador Vital do Rêgo obteve 19 votos, contra 10 votos de Enio Bacci. Já o senador Gim Argello (PTB-DF), que se candidatou a vice-presidente da CPI pela base aliada, teve 18 votos, contra 11 de Francischini.

A instalação da CPI mista atende aos apelos da oposição, que se recusou a participar da comissão restrita ao Senado por considerá-la “chapa branca”. Ainda que o colegiado misto também seja composto majoritariamente por parlamentares governistas (24 integrantes são da base aliada e oito são da oposição), os aliados da presidente Dilma Rousseff na Câmara são considerados menos “fiéis” que os do Senado. Por isso, os oposicionistas acreditam que, com a presença dos deputados, as investigações sobre a Petrobras poderão ser aprofundadas.

Ao assumir a presidência da CPI mista na tarde desta quarta, Vital do Rêgo disse que agirá “no estrito cumprimento dos regimentos do Senado e da Câmara” e garantiu que respeitará o “voto”  dos parlamentares nas decisões do colegiado.

“É sempre motivo muito honroso para mim dividir com vossas excelências quaisquer missões, das mais fáceis às mais espinhosas. Todas com espírito público e consciência do dever ante o Brasil e os brasileiros. Esta é mais uma missão para todos nós”, disse o senador do PMDB.

Esta é a terceira CPI comandada por Vital do Rêgo nesta legislatura. Em 2012, o senador presidiu a comissão parlamentar mista de inquérito que investigou as relações do bicheiro goiano Carlinhos Cachoeira com políticos e empresários.

Relator

Após ser empossado presidente da CPI mista, o senador Vital do Rêgo indicou o deputado Marco Maia (RS-PT) para a relatoria dos trabalhos da comissão. O petista, que presidiu a Câmara dos Deputados de 2011 a 2013, terá a missão de elaborar o documento final da CPMI, no qual poderá sugerir o indiciamento de pessoas envolvidas. O PT também está à frente da relatoria da comissão exclusiva do Senado, com o senador José Pimentel (CE).

Cronograma

Os integrantes da CPMI da Petrobras deverão aprovar na próxima reunião do colegiado o plano de trabalho, que traz sugestão de depoimentos e de documentos que serão analisados, além de definir o cronograma das atividades da comissão.

Pré-candidato à Presidência da República, o senador Aécio Neves (PSDB-MG) propôs um roteiro no qual sugere a convocação do ex-diretor da área internacional da Petrobras Nestor Cerveró; do ex-diretor de Refino e Abastecimento da petroleira Paulo Roberto Costa, que chegou a ser preso pela Operação Lava Jato, da Polícia Federal; e o doleiro Alberto Youssef, apontado como um dos líderes de um esquema de lavagem de dinheiro que movimento cerca de R$ 10 bilhões.

O roteiro proposto pelo tucano ainda prevê a quebra dos sigilos bancário, fiscal e telefônico de pessoas envolvidas nas investigações, como o ex-presidente da Petrobras Sérgio Gabrielli, além de Yousseff e Paulo Roberto Costa. Aécio sugeriu ainda que a comissão tenha cinco sessões por semana até o início do recesso parlamentar, em 18 de julho.

Oposição

Um dos principais defensores da instalação de uma CPI mista para investigar a Petrobras, o líder do DEM no Senado, Agripino Maia (RN), declarou nesta quarta que a comissão composta por deputados e senadores “resgata a credibilidade” do Congresso. “A outra comissão, do Senado, é a comissão fantasma, dos depoimentos que não acontecem”, disse Agripino. “Reservo minhas expectativas nessa CPMI”, complementou.

Boicotada pela oposição e esvaziada pela própria base aliada, a CPI do Senado está em funcionamento há duas semanas e já ouviu o depoimento da presidente da Petrobras, Graça Foster, de Sergio Gabrielli, e de Nestor Cerveró.

Líder do PSB na Câmara, partido do pré-candidato à Presidência Eduardo Campos, o deputado Beto Albuquerque (RS) pediu “bom senso” aos colegas de Legislativo para priorizarem a comissão mista e anularem a CPI do Senado. Os governistas, por outro lado, alegam que o colegiado misto servirá de “palanque” para a oposição em pleno ano eleitoral.

Recesso

O líder do DEM na Câmara, deputado Mendonça Filho (PE), anunciou durante a reunião da CPI mista que irá usar instrumentos previstos no regimento interno da Câmara para tentar dificultar a votação da Lei de Diretrizes Orçamentárias de 2015. O objetivo do oposicionista é impedir que o Congresso Nacional entre em recesso em julho. A votação da LDO é condição para o início oficial do recesso parlamentar.

“Quero que essa comissão não pare durante esse recesso. Vamos obstruir a votação da LDO para que este parlamento não entre de recesso. Não é esse o desejo do povo brasileiro”, informou Mendonça Filho.

No ano passado, os deputados e senadores não conseguiram aprovar a LDO antes de julho, mas, apesar de não poderem entrar em recesso oficialmente, os parlamentares iniciaram um “recesso branco”, ficando 15 dias sem votações em plenário .

Do G1, em Brasília

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