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Debate do SBT: Marina é mais contundente que Aécio no ataque a Dilma. Será que é porque ela leu meu blog?
Se Aécio não fala o que eu digo, Marina fala.
No debate promovido pelo jornal Folha de S. Paulo, o SBT, UOL e Rádio Jovem Pan, em que houve polarização entre as duas candidatas empatadas na liderança com 34% das intenções de voto segundo o Datafolha, Marina atacou Dilma, confessadamente nervosa desde o começo, dizendo: ”Quando as coisas vão bem, 100% dos louros vão para o seu governo. Quando vão mal, é a crise internacional.”
A equipe de Marina leu direitinho o que venho escrevendo desde 22 de julho, quando Lula disseminou entre os governistas esse discurso cínico, hoje repetido e ampliado pelo ministro da Fazenda, Guido Mantega, que inclui até a seca e a Copa no pacote dos culpados.
Tanto é assim que, como comentou hoje Ricardo Amorim, “A ‘crise internacional’ culpada pela nossa recessão só afeta o Brasil. Entre os 35 países das Américas, só na Argentina e no Brasil o PIB cairá neste ano.”
Mas a culpa, claro, nunca é do PT.
No começo do debate, Dilma disse que seu governo foi o que mais investiu em segurança pública, mas o resultado foram mais cadáveres – ou seja: dinheiro do povo jogado no lixo.
Marina questionou a presidente sobre “o que deu errado em seu governo”, já que ela não cumpriu a promessa de fazer o Brasil crescer com inflação baixa. Como a petista resolveu responder o que supostamente deu certo, Marina atacou: “A presidente Dilma tem muita dificuldade em reconhecer os erros do seu governo. Nós defendemos sim a autonomia do Banco Central porque esse governo, com atitudes erráticas, não ajuda a resolver os problemas.” Mais um ponto no confronto direto para Marina, que já havia deixado Dilma sem resposta expondo os desastres na Petrobras.
Luciana Genro, em socorro a Dilma, questionou se Marina é a “segunda via do PSDB”, coisa que a militância do PT adora, como se vê na imagem ao lado. Marina, na verdade, é o PT do B, como já expliquei neste blog, mas o partido precisa associá-la aos únicos adversários que sabe combater: os tucanos. E para isso conta com o PSOL, que existe precisamente para ser seu testa-de-ferro, acusando seus adversários daquilo que lhes interessa, com as inversões de sempre, como ficou claro na censura a Rachel Sheherazade.
Já Aécio resolveu dizer à Luciana Genro que desconfia de quem fala “em nome do povo”, ao que ela respondeu que ele tem razão em desconfiar porque governa para as elites. Quer dizer: Aécio conseguiu levantar a bola até para a candidata do PSOL cortar. Assim fica difícil.
Mesmo quando ataca Dilma, o candidato do PSDB continua técnico demais: “O ativo mais valioso da política é o tempo. O governo do PT perdeu um longo período que poderia fazer investimentos.” Como comparar a contundência desse papo burocrático de “ativo valioso” ou de todo aquele de “indicadores sociais” com os dois desmascaramentos morais perpetrados por Marina? Não dá.
E o pior é que Aécio, que já chamava Dilma de “mulher de bem”, disse ainda nas considerações finais: “Acredito nas boas intenções da candidata Marina”, com a ressalva apenas de que ela “defende teses que combatia até pouco tempo atrás”. Ou seja: todo mundo é bonzinho, mas ele é o melhor gerente, ok? Esse é o discurso de Aécio, como também era o de José Serra em 2010 – o discurso de quem pede para perder ou, desta vez, para descolar uma vaguinha num eventual governo de Marina.
Em entrevista à TVeja, Serra havia dito que, em campanha, “você começa de um jeito e depois você vai acelerando”, mas a aceleração de Aécio, pelo visto, ainda está longe de começar.
Felipe Moura Brasil ⎯ http://www.veja.com/felipemourabrasil