Governador Jaques Wagner endurece o tom contra Paulo Souto e ACM Neto

 Governador Jaques Wagner endurece o tom contra Paulo Souto e ACM Neto

A menos de um mês das eleições que vão decidir qual será o seu sucessor no estado, o governador Jaques Wagner (PT) eleva o tom das críticas em relação ao quadro eleitoral, colocando contra a parede os principais adversários de seu candidato Rui Costa (PT).

Ao ironizar as últimas pesquisas, Wagner destaca a confiança de que o resultado será o mesmo de 2006, quando saiu vitorioso no primeiro turno. Ele negou o afastamento da campanha de Rui, ao justificar o excesso de compromissos, e questionou a capilaridade eleitoral de Paulo Souto (DEM). “Qual é o voto que ele tem? Ele tem votos dos outros que emprestaram para elegê-lo, porque queriam alguém”.wagner em entrevista

O governador disparou também que o democrata quer ser sombra do prefeito ACM Neto.

Sobre o gestor da capital baiana, endureceu ao dizer que Neto deve pedir desculpas ao avô, o falecido senador Antonio Carlos Magalhães, de frente para o espelho todos os dias, pela chapa de inimigos e adversários políticos que a oposição formou sob a sua articulação para concorrer ao pleito do dia 5 de outubro.

Tribuna – Como o senhor avalia essa reta final de campanha? Está tensa?

Jaques Wagner –  Não. Óbvio que a questão nacional chama atenção, novidade que era inesperada, como foi inesperada, infelizmente, a perda de Eduardo Campos. Então trouxe um conteúdo novo que vem carregado de comoção, vem carregado de uma pessoa que já teve vinte milhões de votos na última eleição e, portanto, mudou o cenário. A primeira vítima desse cenário é o candidato do DEM-PSDB, Aécio Neves, que entrou numa rota descendente. Acho muito difícil uma recuperação. Com isso eu diria que hoje o prognóstico mais realista é de um segundo turno entre a presidenta Dilma Rousseff (PT) e a Marina Silva (PSB), que é um prognóstico, tirando a torcida que é própria. Eu acredito nesse projeto, acredito na presidenta Dilma, tenho certeza, com todo o respeito à Marina, mas a Dilma tem um acúmulo maior e uma equipe maior e mais consolidada para conduzir por mais quatro anos um país. Mas, fora essa convicção minha, pessoal, eu não posso deixar de registrar, como brasileiro e cidadão, que é uma coisa ímpar você chegar ao segundo turno de uma eleição com duas mulheres disputando e sem nenhum segmento do setor conservador pontuando. No meu ponto de vista, é algo a se comemorar. Isso pelo menos para aqueles que têm uma trajetória de luta como eu, como a Dilma e a Marina, da luta pela justiça social, pelo fortalecimento da democracia de ver, primeiro, essa questão de gênero, duas mulheres, depois duas mulheres que brotam do mesmo projeto, pois quem lança a Dilma no cenário político, institucional brasileiro e a Marina é o PT. Esse é o projeto que a gente vem conduzindo desde a fundação do partido e desde a chegada do presidente Lula ao governo. Eu brinquei com ele aqui na quarta-feira que são duas alunas – com todo o respeito – da universidade de política e de governo do presidente Lula, que estão chegando, aliás, não só elas, porque o Zé Maria do PSTU e a Luciana Genro do PSOL – na verdade são quatro dos candidatos que vêm do mesmo leito, dos mesmos valores, da mesma história, que estão disputando a Presidência. A Marina tem uma história de vida pessoal, a Dilma tem uma história de decisão pessoal de ingressar na luta, já que era filha de classe média, mas ingressa na luta pelas suas convicções. Eu acho, sinceramente, que há algo a brindar. Agora mesmo, reconhecendo os valores das duas, eu vou trabalhar muito pela presidenta Dilma. Eu não tenho dúvidas de afirmar que a Dilma hoje tem melhores condições de conduzir uma equipe e de dirigir os destinos do país, principalmente em crise. O presidente Lula, na verdade, tinha várias pessoas que ele poderia ter escolhido para a sua sucessão, mas optou pela Dilma pela trajetória dela, pela qualificação, isso porque ela ganhou respeito na caminhada, no Ministério das Minas e Energia e da Casa Civil.

Tribuna – A Pesquisa Sensus, divulgada pela TV Aratu, mostra um cenário inalterado. Como avalia isso?

Wagner – Eu sou obrigado a dar risada sem fazer nenhuma crítica a nenhuma pesquisa. Eu quero dizer que eu estou sentindo o mesmo cheiro da minha caminhada em 2006. Essa semana nós fizemos comício em Irará, na terça-feira, em Salvador, quarta-feira, em Feira de Santana, na quinta, vou hoje (sexta-feira) para Irecê, amanhã para Jaguaquara e Maracás e domingo para Ibirataia. Em todos os lugares que temos ido, as praças estão cheias, a motivação dos prefeitos, vereadores e lideranças é muito grande. O próprio pessoal na rua diz: – Oh governador, a pesquisa verdadeira é esta aqui que estamos vendo. Periperi estava socado, Irará estava socado, ontem em Feira socado, então os candidatos estão supermotivados por esse carinho que eles têm recebido. Eu tenho uma pesquisa que está na rua, que não está registrada e por isso eu não posso falar ainda, mas vai mostrar números totalmente diferentes desses que estão aí, que em minha opinião se aproximam da realidade que estou vivendo porque estou na rua. Deus queira que a principal rede de televisão ou o dito principal instituto de pesquisa no dia 04 de outubro anuncie que a eleição vai acabar como acabou em 2006, com o candidato do PFL-DEM ganhando no primeiro turno e quem sabe no dia seguinte ela realmente acabe no primeiro turno, mas com outro vitorioso? Vamos aguardar.

Eu sinceramente não acho que o candidato do DEM ao governo seja o portador de futuro e de esperança, até porque ele teve uma caminhada de oito anos de governador, quatro de vice. Não acho que ele tenha a folha de serviços que eu tenho para mostrar em oito anos para a população baiana. Rui é disparado e acho que no primeiro debate mostrou isso, que conhece toda a realidade baiana e o diagnóstico, então estou com forte expectativa.

Tribuna – O senhor está convencido da escolha feita por Rui Costa? Esperava tanta dificuldade para ele deslanchar?

Wagner – Eu estou certo e tenho tido acolhimento também de todos os meus aliados que ele é uma pessoa que tem todos os requisitos para fazer um belo governo, tem caráter, tem conduta ética ilibada, tem capacidade de diálogo, como fez quando era meu secretário de articulação política. Eu diria assim que Rui tem na cabeça o gestor competente, demonstrando aqui com o metrô, com as obras da Paralela e vários convênios que ele desencavou com o governo federal e tem o coração, como ele mesmo gosta de dizer, do menino da Liberdade, que tem compromisso com o povo mais simples, mais humildade de nossa terra para fazer mais. Ele conhece tudo, me acompanhou, e com certeza fará um governo melhor do que o meu porque não vai errar nos erros que eu errei.

Tribuna – Por que o senhor se mantém tão afastado da campanha? É uma estratégia do marketing ou uma decisão de partido?

Wagner – Não. Primeiro eu não me considero afastado (risos). Estou simplesmente com um problema que é a dupla jornada de trabalho. Eu estava governando hoje de manhã em Feira, fiquei negociando projetos para a Bahia com o presidente da Caixa e com o ministro. Estou aqui agora e daqui sigo para a governadoria e saio correndo para Irecê para fazer campanha. Amanhã começo às 10h, reuniões de governo em Ondina. À tarde vou novamente para a campanha.

Tribuna – Mas, o senhor é o principal financiador de campanha de Rui e está afastado do horário eleitoral…

Wagner – Eu não, pois não tenho dinheiro para financiar (risos). Posso até ser um captador. Eu acho que no primeiro momento era importante mostrar Rui Costa. Eu sou conhecido por 98% da população. Eu já fiz gravações e devo entrar no programa da próxima segunda-feira, assim como o ex-presidente Lula e a presidenta Dilma, que são aliados importantes, que têm um cabedal eleitoral muito forte. Era importante e durante todo o primeiro período que foi o Programa Participativo de Governo eu fiz questão de não ir à maioria das reuniões, pois acho importante que a Bahia saiba – e já falei isso até do outro candidato – de que alguém para sentar na cadeira de governador tem que ter luz própria, tem que ter personalidade, ideias próprias, iniciativas e ousadia. Não pode ser um governador comedido como o adversário falou. Por ser comedido, ele não pensou na ponte Salvador-Itaparica, não pensou em desencravar o metrô, não pensou na alfabetização, não pensou na Ferrovia Oeste-Leste, que não é um projeto meu, mas de Vasco Neto, que é de 40 anos. Então, quem pensa pequeno ou quem na verdade é sombra e não luz não pode sentar na cadeira de governador. Eu fiz questão de deixar Rui andar sozinho para ficar claro para todo mundo que Rui tem ideias próprias, tem personalidade, iniciativa e capacidade, ou seja, ele não é minha sombra. Ele tem luz. O ex-governador foi sombra e agora continuará sendo sombra. A Bahia não vai ver seguramente um governador que aceita ser governador comandado pelo prefeito. Está tudo de cabeça pra baixo do lado de lá. Se alguém tiver que comandar, é o governador que comanda o prefeito. Prefeito comandando o governador, o governador não tem condição de sentar na cadeira.

Tribuna – O senhor trouxe o ex-senador Antonio Carlos Magalhães para a campanha. Como avalia isso?

Wagner – Como assim? Eu não falei o nome de ninguém, mas se quiserem é possível. Está correto. Eu disse que ele sempre foi sombra. Qual é o voto que ele tem? Ele tem votos dos outros que emprestaram para elegê-lo porque queriam alguém. Ele é um gestor. Podem até dizer que ele é um bom gestor, mas voto seguramente ele não tem. Ele tomou emprestado de Antonio Carlos e agora está tentando tomar emprestado do Neto. Nesse sentido que eu disse que ele é um bom funcionário de uma empresa política de família. Foi nesse sentido que eu quis falar. Não se trata de uma coisa ofensiva, se trata da constatação de uma realidade. Por exemplo, você acha razoável que alguém tenha sido governador por quatro anos no mandato do presidente Lula, mas não tenha pedido uma audiência, sendo a Bahia a sexta economia do país, para defender nada dos interesses dos baianos? O ex-presidente Lula é um   democrata, republicano. Mesmo governadores, candidatos de oposição, como Alckmin, como Tasso Jereissati, que eram da oposição, foram lá pedir. Ele nunca pediu. Aí eu não sei se quem comandava a política pedia para ele não ir ou se ele mesmo não tinha o que levar. Eu não vejo desenvoltura para o ex-governador querer voltar. Eu estou insistindo que não estou ofendendo. Eu estou só dizendo, e quando eu falei isso eu não trouxe o ex-senador, mas eu vi que o prefeito exigiu respeito ao avô. O prefeito devia dizer isso olhando para o espelho, pois quem montou uma chapa de inimigos e adversários do avô dele foi ele mesmo. Ele, quando acordar todos os dias de manhã, deveria olhar para o espelho e pedir desculpas ao avô porque só tem votos por conta do nome do avô. Ele montou uma chapa com um inimigo mortal como vice, com um adversário declarado e com um insurgente que, apesar de ter sido funcionário, quis tomar o lugar do dono da empresa e acabou produzindo o racha do grupo e a derrota deles em 2006. Imagino que o prefeito quando pediu respeito deve ser a culpa que ele deve carregar com o avô, que lhe deu tudo, de todo o dia olhar para o espelho e dizer: Perdoe-me, pois eu fui obrigado a montar uma chapa com seu inimigo e seus adversários.

Tribuna – E esse tensionamento com o prefeito ACM Neto. Como vê as críticas de que o governo do estado não investe na cidade?

Wagner – Ele precisa fazer conta. Se ele fizer conta eu seguramente entrarei para a história de Salvador como o governador que mais investiu. Posso até ter empatado com o avô dele, na época que ele investiu, mas creio que já fizemos mais. Mas, não tenho nenhum problema de ficar em segundo lugar, porém, com o volume de investimentos que temos aqui?! Isso que eu digo. O governador comedido que acha que pode governar a Bahia sem ousadia, acha que a ponte é um exagero, que o metrô é um exagero. Eu acho que o povo da Bahia vai julgar a caminhada de cada um, o valor de cada um e por isso que tenho segurança que a gente vai ter sucesso na eleição.

Tribuna – A disputa pelo Senado, por ser um turno apenas, apresenta um cenário delicado para Otto Alencar?

Wagner – Não. As nossas pesquisas mostram que até porque a taxa de conhecimento de Otto é inferior a do adversário, como a de Rui também é, mas à medida que a nossa chapa majoritária vá crescendo, eu acho que cresce junto e vai acontecer o que acontece desde sempre na Bahia. A tendência é o governador que se elege eleger o senador. Eu tenho muita confiança que, assim como aconteceu em 2006, que a gente ganhou com João Durval, Rui agora vai ganhar com Otto Alencar.

Tribuna – Voltando para a sucessão presidencial, o senhor acha que a onda Marina vai arrefecer e Dilma voltará a tomar o controle da situação? Em quanto tempo esse quadro se estabilizará de novo?

Wagner – Eu acho que nós precisamos esperar pelo menos dez dias. Em minha opinião, a primeira bordoada é o candidato do DEM-PSDB que eu acho que dificilmente consiga se recuperar. Creio que inclusive esse impacto deve favorecer a Lídice aqui e prejudicar o candidato do DEM, que praticamente vai ficar sem candidato a presidente da República. Então, estou esperando mais algum tempo para saber se o impacto de Marina vai chegar aqui. Se chegar, vai chegar para puxar Lídice. Quem sabe tenhamos aqui na Bahia a mesma coisa que vamos ter em nível nacional, com os segmentos conservadores apartados do segundo turno das eleições?

Tribuna – Como avalia o otimismo da oposição, de que vão ganhar no primeiro turno na Bahia?

Wagner – Olha, eu acho que é a mesma empolgação que eles tiveram em 2006 – e por isso que ficou todo mundo desesperado no domingo e provavelmente o desespero vai voltar no dia 05 de outubro.

Colaboraram: Lilian Machado e Paulo Roberto Sampaio

 

 

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