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Viagem pelo Rio São Francisco revela paraíso e histórias de mistério
Globo Repórter fez o percurso, de um extremo ao outro, da cachoeira de Paulo Afonso até a barragem de Xingó. Lendas falam de luzes do outro mundo.
As águas do Rio São Francisco levam vida para o Nordeste. E são o caminho que guia o Globo Repórter até a riqueza do Sertão. A equipe de reportagem desceu o São Francisco, para conhecer as histórias e lendas. E encontrar o verde no meio da terra seca.
O Rio São Francisco nasce na Serra da Canastra, em Minas Gerais, e avança pelos sertões de quatro estados nordestinos. Da barragem de Paulo Afonso, na Bahia, até a barragem de Xingó, em Sergipe, no percurso de 65 quilômetros, o rio passa entre os grandes paredões de arenito. É o Cânion do São Francisco, um dos mais bonitos do Brasil. Um cenário imponente, que demorou mais de 60 milhões de anos para ganhar essas formas.
O Globo Repórter fez todo o percurso, de um extremo ao outro, da cachoeira de Paulo Afonso até a barragem de Xingó. Durante a longa viagem, o verde se mistura com as pedras. É um ótimo lugar para quem gosta de solidão. A distração é olhar para o alto e imaginar o que são as figuras nos paredões. No local, é possível descobrir a Pedra do Lagarto. A equipe do Globo Repórter chegou ao lugar onde três estados nordestinos se encontram.
“Aqui a minha esquerda está o estado da Bahia, a minha direita está o estado de Alagoas, atrás de mim está o estado de Sergipe”, explica o turismólogo Genilson Aragão.
Genilson Aragão também fala sobre uma ilha que existe no meio do cânion: “Essa ilha que pertence ao povoado xingózinho, na o município de Paulo Afonso, na Bahia, nós chamamos de Ilha de Ninguém, mas tem gente que também chama de ‘ilha de todo o mundo’. Normalmente porque não mora ninguém e todo mundo tem acesso”, diz ele.
Ao longo do cânion, é possível navegar em canoas por lugares estreitos. Pelas fendas ao lado do grande paredão do cânion. São águas calmas e tranquilas. No local, só se ouve o som da natureza. É por isso que o lugar ganhou dos ribeirinhos o nome de Paraíso do Talhado.
“Por conta da formação rochosa que ela é toda talhada. Como se fosse cortada, a parede, né? A parede, como se fosse um talho mesmo”, explica o turismólogo Jairo Luiz de Oliveira.
E se existe um paraíso, existem histórias de mistério. São muitas as lendas da região, que falam de luzes do outro mundo.
Globo Repórter: E as pessoas têm medo aqui?
Jairo Luiz de Oliveira, turismólogo: Tem medo, tem medo até por conta desse que chamam de fogo corredor, que são essas luzes que saem de um canto para o outro.
Mas o que assusta é apenas um fenômeno da natureza. Sempre que o sol está no alto, entre o 12h e uma 13h, a luz passa de um lado para o outro dos paredões, refletindo na água e criando um brilho dourado que assusta as pessoas. Na dúvida, se o fenômeno é obra dos espíritos ou não, os ribeirinhos se apegam à fé. Eles fizeram nas margens, pequenos santuários em devoção ao santo que deu nome ao rio.
“As pessoas, o ano inteiro, os ribeirinhos aqui da nossa região, eles fazem promessas, eles fazem peregrinações aos locais, porque é uma fé que tem muito grande em São Francisco”, conta Jairo Luiz de Oliveira.
A paz no paraíso do talhado é quebrada com a chegada dos turistas. No ano passado, foram 150 mil visitantes em Canindé do São Francisco, cidade já bem perto da barragem de Xingó. Eles vêm para se divertir e conhecer uma das regiões mais bonitas do Nordeste. Contando sempre, é claro, com a benção do padroeiro do rio.
G1.globo.com