Entrevista – ‘Acredito que vou caminhar com minhas pernas’, garante Negromonte Jr, agora na Câmara

 Entrevista –  ‘Acredito que vou caminhar com minhas pernas’, garante Negromonte Jr, agora na Câmara

Negromonte Jr; “Se o meu tio errou, eu digo muito claramente, ele deve ser punido… eu não posso jamais responder pela atitude dos outros”

mario jr em etrevista ao bnDepois de quatro anos na Assembleia, o deputado estadual Mário Negromonte Jr. (PP) chegou à Câmara Federal para ocupar a vaga deixada pelo pai, Mário Negromonte, hoje conselheiro do Tribunal de Contas dos Municípios. Prestes a embarcar para Brasília, Negromonte Jr. faz um balanço positivo da sua experiência nas urnas, em 2010 e 2014, e, apesar de ter o sobrenome citado na Operação Lava-Jato, acredita que o pai não tem qualquer envolvimento com as denúncias. Para o tio, Adarico Negromonte, no entanto, ele é mais ponderado. “Se o meu tio errou, eu digo muito claramente, ele deve ser punido. Em relação a isso, a minha família, eu volto a dizer: eu não posso jamais responder pela atitude dos outros”, frisou. Do deputado estadual do “cacetinho baiano” a deputado federal, Negromonte Jr. promete defender os 169.215 – seis a mais que o pai em 2010 – o progressista admite a inspiração no genitor, mas garante que caminha com as próprias pernas.

Mário Negromonte

Ele foi um dos nomes que supostamente surgiu na delação de Paulo Roberto Costa. Além dele, o seu tio Adarico foi mencionado na última fase da Operação Lava-Jato, Juízo Final. O senhor acha que a família do senhor estando envolvida nesse tipo de investigação vai influenciar de algum modo o seu mandato em Brasília?

Eu vou criar o meu próprio espaço. Estou começando a minha carreira em Brasília agora. É o meu primeiro mandato em Brasília, então eu respondo só por mim. Não posso responder por mais ninguém. Muito embora o que aconteceu com relação a Mário Negromonte foi o vazamento na revista Veja e não foi confirmado por nenhuma das autoridades que estão investigando, nem pela Polícia Federal, nem pelo juiz Sérgio Moro. Muito pelo contrário, não houve nenhuma citação ao nome dele em relação a investigação. Houve sim o vazamento por parte da Veja, durante o período eleitoral. Nem me recordo exatamente o que foi que vinculou, mas o nome dele estava lá, como o nome de muitos outros, o presidente do meu partido, ex-presidente, presidente do Senado, a presidência da Câmara… Portanto, com relação a Mário Negromonte não tem nada concreto. Só o vazamento que teve em relação a Dilma [Rousseff], em relação a Lula. E todo mundo sabe que naquela altura todas as investigações estavam ocorrendo em segredo de justiça e também estava sendo trancado num cofre. Portanto, inclusive, foi investigado e já foi detectado que houve um vazamento criminoso dessas investigações. Em relação ao nome dele, eu não tenho nenhum receio. Eu conheço muito bem o meu pai, sei que ele não tem nenhum envolvimento com esse fato que está ocorrendo no Brasil, que realmente vem para mudar muita coisa. Depois dessas investigações, o sistema político no Brasil precisa ser mudado e eu tenho certeza que será mudado. Mas em relação ao meu tio, é uma pessoa que eu não tenho tanta relação no dia-a-dia, e aquela coisa, eu não respondo pela minha família como um todo. Eu respondo pelos meus atos. Meu pai não pode responder pelos atos do irmão dele. Até porque ele tem 11 irmãos, se ele for responder por todos ficaria complicado. Apesar que todos vivem uma vida muito tranquila, em relação a meu tio eu acho que é aquela coisa: se ele precisar, eu sou uma pessoa de família, do meu apoio, eu vou estar sempre para ajudar, mesmo eu não tendo tido contato nenhum com ele desde que foi decretada essa prisão temporária dele. Eu não tive nenhum contato com ele, nem com meu primo, nem com ninguém relacionado a ele. Eu acredito muito que, para tudo isso, deva ter um devido processo legal. Acho que para uma pessoa ser condenada precisa ter provas primeiro. E precisa também ter o devido processo legal. Aí sim ser julgada e condenada. Ocorrendo isso, aquelas pessoas que tiverem provas, que tiveram o devido processo legal, e sejam condenadas, eu acho que devem responder pelos erros. Seja lá quem for. Se o meu tio errou, eu digo muito claramente, ele deve ser punido. Em relação a isso, a minha família, eu volto a dizer: eu não posso jamais responder pela atitude dos outros.

PP e o dinheiro irregular através da Petrobras

O PP foi um dos partidos mencionados como supostamente recebido esse dinheiro irregular através da Petrobras. Na sua arrecadação, três empresas, a OAS, a Odebrecht e a UTC Engenharia, doaram recursos para a campanha. O senhor achar que isso pode ser prejudicial, essa relação com essas empresas?

Não. Eu não tive contato nenhum com as empresas – contato direto. Nem conheço as pessoas que doaram, não sei nem quem são. Essa doação ocorre através do partido a nível nacional. E o partido nacional é que distribui para os deputados a nível de Brasil. Eu fui mais um dos deputados que o partido doou. Aqui na Bahia tiveram muitos outros deputados, não só do partido, que tiveram doação também, de outros partidos receberam doações dessas empresas que vocês acabaram de falar. Foi uma prática normal. Foi um recurso que foi feito de maneira oficial, seguindo as orientações do TSE [Tribunal Superior Eleitoral], então, portanto, uma coisa muito transparente. Não tenho nenhum problema em receber doações. Obviamente que naquela altura também nenhuma dessas empresas estavam sob suspeita de uma investigação da Polícia Federal e de um juiz federal. Se eu soubesse que tivesse alguma empresa envolvida com alguma coisa, eu teria recusado. Mas eu tenho certeza que o meu partido também não teria aceitado doações de alguma empresa que estivesse sendo investigada pela Polícia Federal e o juiz federal.

Do Bahia Notícias

Foto: Luana Ribeiro/ Bahia Notícias

1 Comment

  • Só falta agora dizer que não sabia. Pobre inocente.

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