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Assim falou Fernanda Montenegro
A atriz Fernanda Montenegro é indiscutivelmente uma das melhores atrizes do estoque brasileiro. Ela pensa e fala. Fala depois de pensar; embora tenha declarado em recente entrevista, ou bate-papo, que aprende a cada dia a viver com as suas limitações. Parece líquido e certo que somos limitados. Basta apagar as luzes do seu jardim, leitor, deitar-se em dos bancos de cimento, e olhar para o céu. Você nunca mais será o mesmo. Facilmente concordará com a Fernanda da nossa crônica de hoje.
Ela se considera tão limitada, ou dependente, que pensa na morte a cada dia. A morte é a negação da vida, é a derrota passageira, verdadeira humilhação. Sim, já sei o que você está pensando: como no caso da lagarta, é a metamorfose que tanto nos consola. É a verdadeira vitória em que creem os cristãos.
Fernanda Montenegro desaprendeu a andar de bicicleta; [isto] é um dos seus lamentos. Sabemos que não desaprendeu. Está apenas enferrujada. Mas é um seu lamento. A entrevistadora, grandona da Rede Globo (grandona aqui sai apenas para efeito literário), por sua vez, confessou não saber nadar. A propósito, o leitor atento e comprometido com o Brasil dos sonhos de todos nós concorda que natação deveria ser uma das atividades das nossas escolas? Não seria um absurdo uma pessoa cair na água, às vezes uma simples poça de água, e morrer? Morrer já é um absurdo como punição do pecado cometido e herdado. Morrer por não saber nadar eleva o absurdo para o grau mais alto da insensatez. Em outras palavras, todo mundo deveria ser instado a aprender a nadar, como é instado, quase forçado, a se vacinar, a servir ao exército, a usar camisinha nos seus momentos raros de prazer, e assim sucessivamente.
Vamos chegando ao fim da conversa de hoje e vamos dizer ao leitor que a Fernanda otimista, buscadora da excelência naquilo que faz, lamenta (o termo é do autor) que o momento nacional é de exaltação à decadência. As pessoas parecem só enxergar um futuro sombrio para o Brasil, quiçá para a humanidade. Os escatologistas, na sua avaliação das coisas que devem acontecer, nos situam no final dos tempos. Mas, considerando o viver o hoje, deixando para amanhã os seus cuidados, não estaria havendo um certo exagero, pessimismo ou desânimo?
Fernando Montenegro disfarça. Sai às ruas camuflada como pode e se irrita quando alguém lhe dedica tratamento diferencial por ser a grande dama do teatro nacional. Anela o tratamento devido a qualquer ser humano cidadão de um país civilizado. Por essa grandeza, pelo valor pedagógico das suas declarações, esta foi a conversa de hoje; uma simples conversa entre cronista e seus nobres leitores.
Francisco Nery Júnior
1 Comment
Nunca li tanta bobagem num só texto! Viajou na maionese, “professor”!!!