Especialistas do HGE recomendam cuidado com os fogos de artifício

 Especialistas do HGE recomendam cuidado com os fogos de artifício

Com a proximidade dos festejos juninos crescem os riscos de acidentes provocados por fogos de artifício, alguns com graves consequências, a exemplo de mutilações. Segundo o coordenador do Centro de Tratamento de Queimados (CTQ) do Hospital Geral do Estado (HGE), o cirurgião plástico Carlos Briglia, o atendimento a vítimas de queimaduras na unidade aumenta em torno de 15% a 20%, durante o período de São João, enquanto o atendimento a vítimas de explosão de bombas – que resultam em trauma nas mãos – quase dobra em relação aos demais períodos do ano.

De acordo com ele, em Salvador, as estatísticas não indicam para aumento considerável do número de acidentes que resultam em queimaduras graves durante as festas juninas. “O maior número de casos atendidos no HGE neste período é de queimaduras leves, que não precisam de internamento. Os municípios do interior concentram a maior incidência dos casos, inclusive aqueles de maior gravidade, resultantes do fabrico clandestino de fogos, que podem provocar sérios acidentes, com mutilações e sequelas graves”, alertou o cirurgião.

No ano passado, o HGE registrou 103 atendimentos de vítimas de queimaduras e explosão de bomba entre os dias 22 e 27 de junho. Do total, 41 foram decorrentes de queimaduras em geral, e 14 relacionados diretamente com os festejos juninos. No caso de explosão de bomba, ocorreram 62 atendimentos, com 33 pacientes encaminhados ao Serviço de Cirurgia de Mão, com lesões graves.

Primeiros socorros

Conforme explica Briglia, “em caso de queimadura, não devem ser usadas pomadas nem soluções caseiras. A região afetada deve ser lavada com água corrente e protegida por uma compressa úmida. Em seguida o paciente deve buscar atendimento em uma unidade de saúde”.

Para o coordenador do Serviço de Cirurgia de Mão do HGE, cirurgião Marius Wert, é preciso “atenção extrema” ao lidar com fogos de artifício, principalmente no caso de crianças, que não têm noção do perigo a que estão expostas. “O uso de fogos de artifício deve ser feito com muita atenção e cuidado. É comum acidentes [que resultam em] queimaduras, perda de dedos e, nos casos mais graves, até perda da mão”. O especialista recomenda que, em caso de acidente com lesão na mão, o paciente deve ser encaminhado imediatamente a um serviço especializado.

Estudo divulgado pela Associação Brasileira de Cirurgia da Mão (ABMC) mostrou que ao menos 50% das mãos mutiladas no Brasil poderiam ser preservadas, caso o primeiro atendimento fosse especializado, e que no período de festas juninas, cerca de 90% dos acidentes graves, relacionados com explosão de bomba, resultam em amputações.

O médico Carlos Briglia enfatiza que é preciso muito cuidado no manuseio de fogos. Ele afirma que, apesar das constantes campanhas e alertas dos especialistas, as pessoas ainda se descuidam e se expõem ao risco de acidentes. O coordenador do Serviço de Cirurgia de Mão do HGE, por sua vez, aconselha que as pessoas acendam os fogos de artifício o mais distante possível do corpo e evitem soltar qualquer tipo de fogos de artifício quando estiver ingerindo bebidas alcoólicas.

Referência

O Centro de Tratamento de Queimados do HGE é referência no estado e um dos poucos serviços no País dotados de centro cirúrgico e UTI próprios. O serviço tem 38 leitos e uma equipe multidisciplinar. O médico André Luciano Santana, diretor geral do HGE, informa que no período de São João a unidade está capacitada para atender todas as ocorrências. Segundo ele, nesta época, também há grande número de casos relacionados a acidentes de veículos, principalmente nas estradas.

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