Repasse de recursos para Estados foi escolha técnica, diz ministro Fernando Bezerra

 Repasse de recursos para Estados foi escolha técnica, diz ministro Fernando Bezerra

Em depoimento na comissão representativa do Congresso Nacional, o ministro da Integração Nacional, Fernando Bezerra Coelho, afirmou ter sido “técnica” a decisão de repasse de recursos para prevenção a desastres em Pernambuco. O Estado mostrou que a pasta concentrou no estado do ministro 90% dos recursos destinados a essa área.

“Quero afirmar que a decisão tomada foi em avaliação técnica, de forma correta, adequada para poder remediar situação recorrente e que causou prejuízos bilionários”, afirmou o ministro.

Para defender a construção de barragens em Pernambuco, destacou que o governo do estado está entrando com metade dos recursos e que houve aprovação do Grupo Executivo do Programa de Aceleração do Crescimento (PAC).

Bezerra destacou números da defesa civil para mostrar que outros estados também receberam recursos da área. Usou para sustentar sua argumentação o volume empenhado, que é quando o governo autoriza fazer uma obra e não quando efetivamente entrega o recurso. Neste critério, dos R$ 218 milhões destinados a prevenção, foram direcionados R$ 98 milhões para Pernambuco, R$ 40 milhões para São Paulo, R$ 16 milhões para Espírito Santo e o restante para outras unidades da federação.

Afirmou que foram recebidos 3 mil projetos na área, mas que somente 34 foram considerados aptos a receber recursos, sendo que alguns destes ainda não puderam ter dinheiro efetivamente liberados.

Falou ainda em números totais de empenho dentro da Defesa Civil para dizer que o Rio de Janeiro foi quem mais recebeu, com 20% dos recursos. Santa Catarina ficou com 17%, Pernambuco com 16% e São Paulo com 8%.

O ministro falou ainda rapidamente sobre o exercício da presidência da Codevasf por seu irmão, Clementino Coelho. Usou novamente o argumento de que a situação se sustentou no estatuto da empresa, mas não esclareceu porque Clementino perdeu até o cargo de diretor após o Estado ter revelado o caso.

Concluiu sua apresentação inicial destacando sua atuação política como prefeito de Petrolina (PE), deputado e secretário estadual. Disse nunca ter tido uma conta rejeitada por órgãos de controle, mas não respondeu sobre as ações que o Ministério Público Federal de Pernambuco move contra ele.

Denúncias

“Além das denúncias de favorecer Pernambuco, o ministro ainda é acusadode nepotismo. Além do irmão, Clementino Coelho, que saiu nesta terça-feria, 10, da presidência da Companhia de Desenvolvimento dos Vales do São Francisco e Parnaíba (Codevasf) e foi exonerado nesta quinta-feira, 12, seu  tio, Osvaldo Coelho, foi nomeado membro do comitê de irrigação, conforme noticiou o jornal O Estado de S. Paulo. Ele também tinha sob seu comando o pai e o tio de sua nora, lotados em cargos de confiança, segundo revelou a ‘Folha de S. Paulo’.  Privilégios a seu filho, deputado federal e pré-candidato a prefeito de Petrolina (PE), e questionamentos sobre o andamento da obra da Transposição do São Francisco complicaram a sua situação.

Sessão no Senado

A comissão tem apenas 4 oposicionistas entre os 25 titulares e a expectativa dos governistas é de que o depoimento encerre o ciclo de desgaste de Bezerra. Presente na casa, o ministro aguarda no gabinete da presidência do Senado ser chamado para o depoimento. Bezerra, porém, obteve o respaldo do governo que deseja evitar um confronto com o seu padrinho, o governador de Pernambuco, Eduardo Campos, presidente nacional do PSB. A base aliada está mobilizada para tentar transformar o depoimento no fim da crise.

 

 Eduardo Bresciani e Jair Stangler, do estadão.com.br

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