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Fernando de Noronha na rota dos ataques de tubarão
O ataque de tubarão sofrido por um turista paranaense, no mês passado, na Ilha de Fernando de Noronha, causou um estupor generalizado. Até então, havia uma crença comum de que o ambiente equilibrado da ilha permitia a convivência perfeita entre homens e animais. O acidente mostrou que não é bem assim. O incidente foi o primeiro registrado, mas pode não ser o último, caso algumas regras de precaução não sejam adotadas, é o que alerta um estudioso do peixe mais temido do planeta.
“Embora o ecossistema esteja em equilíbrio, não podemos esquecer que o ambiente da ilha é selvagem e que alguns riscos não podem ser controlados”, adverte o engenheiro de pesca e pesquisador da Universidade Rural de Pernambuco (UFRPE) Jonas Rodrigues. “As pessoas precisam acabar com essa crença de que todas as atividades náuticas em Noronha são 100% seguras. Só assim poderemos minimizar os risco de acidentes não somente com tubarões, mas com outros animais marinhos.”
Membro do Centro de Monitoramento de Incidentes com Tubarão (Cemit), Jonas integrou o Projeto de Pesquisa e Monitoramento de Tubarões em Pernambuco (Protuba), da UFRPE e Cemit, encerrado em dezembro de 2014 por falta de financiamento, depois de oito anos de atividades na costa. Agora está desenvolvendo um projeto de doutorado que consiste em fazer um amplo diagnóstico das causas de ataque de tubarão no Estado. Mas nem mesmo com toda essa experiência, Jonas se atreve a afirmar que foi um tubarão-tigre o responsável pelo ataque ao turista Márcio Castro, como vem sendo divulgado. “Outras espécies que habitam a ilha, como o tubarão-limão e o tubarão-dos-recifes, podem se tornar agressivas dependendo das circunstâncias”, explica.
Segundo Jonas, dá para descartar apenas o tubarão-lixa porque a morfologia da boca dessa espécie é muito diferente das outras e não causaria dano tão grande. O turista perdeu uma mão e parte do braço direito. “É bom lembrar ainda que espécies oceânicas de comportamento agressivo, como o tubarão-galha branca, usa Fernando de Noronha, que também é uma ilha oceânica, como berçário”, acrescenta. O tubarão-tigre, segundo Jonas, habita o entorno do arquipélago, “mas estima-se que seja mais raro a entrada deles na baía (o ataque ocorreu na de Sueste)”, diz. “Quando fazem isso, normalmente é em busca de alimentos.”
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