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Gravações no sertão ajudaram a entender alma dos nordestinos, diz Santoro
De volta às novelas depois de 13 anos em “Velho Chico”, Rodrigo Santoro encontrou muito de Afrânio em cada parada do sertão nordestino que serviu de cenário para a trama de Benedito Ruy Barbosa que estreia em março. Nascido em Petrópolis, na região serrana do Rio de Janeiro, o ator conta que foi durante a viagem a cidades como Baraúna, no Rio Grande do Norte, e Povoado Cabloco e Olho D´água do Casado, em Alagoas, que conseguiu se conectar com o personagem.
“Mais do que o sotaque, queria entender um pouco da alma dessas pessoas. Graças a eles eu pude chegar mais próximo disso. Foi uma oportunidade muito especial de conhecer as entrelinhas do sertão, uma experiência absolutamente inesquecível. Foi tudo muito intenso. Vi como aquelas pessoas se relacionam com a natureza, com as outras pessoas. E me deixou muito tocado essa força, que é quase um estereótipo do nordestino, essa alegria quase inverossímil para quem vive tanta miséria”, afirma.
Na trama, Santoro é Afrânio Sá Ribeiro (vivido em outra fase por Antonio Fagundes), herdeiro do coronel Jacinto (Tarcísio Meira), dono de uma vasta extensão de terras à beira do Rio São Francisco. Com a morte do pai, deixa para trás o amor por Iolanda (Carol Castro/Christiane Torloni) e toma posse dos negócios da família. Numa de suas viagens ao sertão, envolve-se com Leonor (Marina Nery), com quem tem dois filhos: Maria Tereza (Isabella Aguiar/Julia Dallavia/Camila Pitanga) e Martim (Davi Caetano/Lee Taylor).
No Raso da Catarina, na Bahia, ele vivenciou a aproximação com uma comunidade pequena que sofre com a falta d’água. “Um dia tomei banho de mangueira do caminhão pipa com umas crianças, nunca vou esquecer. Quando a gente chegou, a produção se preparou para a questão do assédio, mas eles estavam olhando para o caminhão, a grande estrela era a água”, lembra. “Essas coisas acabam nos colocando onde a gente deveria estar. Não dá para reproduzir, é isso que alimenta qualquer artista”, conclui.
Com uma intensa carreira internacional nos últimos anos, Santoro priorizou trabalhos mais curtos no Brasil desde “Mulheres Apaixonadas”, sua última novela, em 2003. Mas o ator de 40 anos nunca escondeu que tinha vontade de se dedicar a mais trabalhos por aqui.
“Queria fazer alguma coisa um pouco mais substancial. Não vou falar se é longo ou curto, se é novela ou série. Luiz (Fernando Carvalho, diretor geral da novela) é um parceiro, tenho admiração há muito tempo por ele. As coisas se alinharam, eu me emocionei lendo a história. A novela dialoga com o público de uma forma diferente, pelo horário, pela forma de folhetim. Eu já me sentia afastado desse lugar há muito tempo, sentia necessidade de estar mais próximo”, afirma ele, que conseguiu conciliar a trama com as gravações da série americana “Westworld”, também prevista para este ano.
Giselle de Almeida
Do UOL, no Rio