Mudança na lei eleitoral prejudica candidatos que não têm bala na agulha

 Mudança na lei eleitoral prejudica candidatos que não têm bala na agulha

As novas regras eleitorais que foram bem vistas pelo eleitorado, a exemplo do fim da doação empresarial a candidatos, não são, essencialmente, positivas, e uma nova reforma poderá acontecer no Congresso Nacional passadas as eleições municipais.

De acordo com a líder do governo no Senado, Rose de Freitas (PMDB-ES), um grupo de senadores e deputados federais já está dialogando em busca de uma proposta concisa de reforma eleitoral que poderá ser apresentada ainda em 2016.

O Bocão News conversou com o cientista político Joviniano Neto que traçou pontos negativos e positivos da minirreforma política, no aspecto eleitoral. A propaganda no rádio e na TV ficou mais curta em comparação a anos anteriores. O período caiu de 45 para 35 dias. Na eleição municipal, o tempo semanal de propaganda é de 10 horas, distribuídas entre candidatos a prefeito e a vereador.

“A possibilidade de um candidato mostrar suas propostas e se mostrar diminuiu, e isso é um aspecto negativo”, avalia Joviniano, que vê como aspecto positivo a restrição de financiamento empresarial. Mas ele ressalva. A mudança favoreceu os candidatos mais ricos e cita o caso de João Doria Junior, do PSDB, que disputa a prefeitura de São Paulo. “Ele mesmo pode doar para campanha dele sem limites”.

Com a minirreforma eleitoral, o candidato poderá usar recursos próprios até o limite de gastos de campanha definido pelo partido.

Para Joviniano, com a mudança, apenas políticos já conhecidos terão chances de manutenção de seus mandatos. “Por isso, chamam essa reforma de ‘me eleja de novo’”.

O fundo partidário que é positivo e está dentro do arco do financiamento público acaba resvalando no tratamento desigual dado pela direção dos partidos. “Essa é a forma mais justa e ainda assim tem problema. Há momentos em que a direção acaba ‘investindo’ em candidatos que vão puxar votos, mas há também quem direcione o fundo partidário a quem tem acesso à direção. Sem falar que os partidos no Brasil têm dono. Então, há uma centralização grande na hora da escolha”, afirma.

Estreante em disputas eleitorais, o filho do deputado federal José Carlos Aleluia, Alexandre Aleluia, não tem tido problemas para arrecadar dinheiro para sua campanha. Segundo dados do Tribunal Superior Eleitoral (TSE), o estreante, que disputa uma vaga na Câmara de Salvador, já tem R$ 106 mil de recursos, sendo que R$ 90 mil vieram do diretório nacional do Democrata.

O vereador Claudio Tinoco (DEM) fez questão de mostrar publicamente a sua insatisfação. “É lamentável, porque desequilibra a eleição. Deixo clara a minha insatisfação e espero que não reflita no resultado”, afirmou, em entrevista ao Bocão News.

Por Cíntia Kelly

 

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