Prefeitura suspende atividades, em decorrência da infecção de servidores pela covid-19
Delator diz que Jaques Wagner recebeu R$ 7,5 milhões entre 2010 e 2011
Na pré-delação que fez ao Ministério Público Federal, o ex-diretor de assuntos institucionais da Odebrecht, Cláudio Melo Filho citou políticos de 11 partidos ao explicar o esquema que a construtora usava para ter seus interesses atendidos junto aos governos.
Jaques Wagner
Segundo ele, a imagem do ex-governador da Bahia e ministro do governo Dilma Jaques Wagner despertava certa desconfiança dentro da companhia. “A opinião sobre o êxito de sua carreira política não era unânime, mas eu pessoalmente sempre acreditei”, disse ele.
Cláudio Melo Filho afirma que em 2006, quando Jaques Wagner era candidato ao governo da Bahia, providenciou um encontro dele com o Marcelo Odebrecht: “Durante almoço marcado por mim num restaurante (…) em Brasília, Jaques Wagner solicitou apoio financeiro e Marcelo concordou, embora tenha demonstrado incômodo por não acreditar no sucesso de sua candidatura. (…) Acredito que tenham ocorrido pagamentos de até R$ 3 milhões de forma oficial e via Caixa 2.”
Na pré-delação, Cláudio Melo disse que quando Wagner assumiu o governo, encaminhou a ele os assuntos de interesse da empreiteira no polo petroquímico de Camaçari, que Jaques Wagner ajudou a destravar. Ainda segundo Cláudio, o esquema se repetiu na campanha seguinte: “A atenção demonstrada por Jaques Wagner aos temas que eram de interesse da Odebrecht reforçou a sua imagem no grupo e qualificou-o como beneficiário de melhores recebimentos financeiros. O próprio Jaques Wagner fez questão de encaminhar esse pedido de apoio financeiro mais qualificado, apoiando-se na cuidadosa atenção que demonstrou aos nossos pleitos ao longo do seu primeiro mandato como Governador da Bahia.”
Pelas contas de Cláudio Melo Filho, Jaques Wagner – que tinha o codinome “polo”, levou R$ 7,5 milhões, em dez parcelas, pagas entre agosto de 2010 e março de 2011. O esquema voltaria a se repetir em 2014, desta vez na campanha de Rui Costa para o governo da Bahia, apoiado por Jaques Wagner. Cláudio disse que não participou desses pagamentos, mas acredita que foram repassados R$ 10 milhões. A empreiteira também deu presentes caros nos aniversários de Jaques Wagner. Segundo Cláudio Melo, em 2012, por exemplo, Jaques Wagner ganhou um relógio no valor de US$ 20 mil. No acordo de delação há fotos desse relógio.
O ex-ministro Jaques Wagner não retornou as ligações da produção do Jornal Nacional.