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TIJOLAÇO: DELAÇÃO VIROU “QUEM DÁ MAIS” E “COMO PAGO MENOS”
Ao mencionar o caso do marqueteiro João Santana, que tenta implicar a presidente deposta Dilma Rousseff para fechar acordo com o Ministério público Federal, o jornalista Fernando Brito, do Tijolaço, critica o vale-tudo de envolvidos na operação Lava Jato para negociar acordos de delação premiada; para ele, há um “mercado sujo que se criou nas delações, onde interessa escapar com menos responsabilidade, menos pena e mais dinheiro”
Enquanto o país espera a provável decisão da presidente do Supremo, Cármem Lúcia, de homologar as delações em lote da Odebrecht – fórmula duvidosa que encontrou para reduzir as pressões espúrias para dar destino à relatoria da Lava Jato deixada como espólio por Teori Zavascki, assiste-se vazar, por toda a parte, os fluidos do monstro que se tornou a legislação sobre delatores, que lubrificam as relações entre a polícia, um Ministério Público animado por ódios e gente que, na política ou nas relações com o poder público, sempre pôs o dinheiro acima de tudo.
Sexta-feira foi o noticiário sobre a tentativa de Sérgio Cabral de se aproveitar da estranha “fuga” de Eike Batista para negociar uma “delação premiada”, a ver se não se afoga no seu mar de mansões, barras de ouro, jóias e ternos italianos.
No sábado, é a reportagem da Folha sobre a suposta intenção do marqueteiro em João Santana de “destravar” sua delação, que aparentemente não interessou aos procuradores – se se não interessou é porque nada tem de sólido contra Lula ou Dilma, é obvio – dizendo que foi “avisado de sua prisão por um aliado de Dilma, a pedido da então presidente, com quem o publicitário tinha uma relação de amizade”.
É tão evidente a manobra para se valorizar diante do Ministério Público com a abertura de uma “porta” para atingir a Presidenta que a própria Folha se encarrega de evidenciá-lo, informando que, 11 dias antes da prisão do marqueteiro já publicava que “a Lava Jato investigava indícios de pagamentos feitos pela Odebrecht em contas de Santana na Suíça e, uma semana depois, o juiz Sergio Moro negou aos advogados do marqueteiro acesso aos autos que faziam referência e ele”.
Aliás, na matéria da Folha, registra-se também que “o advogado Fábio Tofic disse que João Santana “vem sendo bombardeado” pela imprensa com notícias sobre seu suposto envolvimento nas apurações da Lava Jato” e que, 20 dias antes, tinha procurado Sérgio Moro para saber da existência de algum procedimento contra ele.
Fica claro, portanto que, um mês antes da prisão de Santana já corria farta boataria – e fundada, como se viu – sobre isso. Assim, qualquer um poderia ter dito isso a ele, ou até mesmo ter ouvido um comentário de Dilma sobre isso sem que isso fosse “inside information”.
O relevante no episódio é o “mercado sujo” que se criou nas delações, onde interessa escapar com menos responsabilidade, menos pena e mais dinheiro.
Afinal, os delatores vivem todos à tripa forra e, como também noticia a Folha, muitos deles estão tendo suas multas pagas pelas empresas, à custa do dinheiro que lhes falta para manter emprego de seus trabalhadores.
E pensar que, antes da instituição da delação premiada havia apenas o instituto do arrependimento, o que mais parece estar em falta nesta safra de falsos arrependidos.
Por Fernando Brito, do Tijolaço
Brasil 247