O Dia Internacional da Mulher, uma importante data para refletir sobre a atuação do sexo nada frágil no esporte

 O Dia Internacional da Mulher, uma importante data para refletir sobre a atuação do sexo nada frágil no esporte

Especialista explica o que deve ser mudado e aprimorado para que os resultados sejam cada vez maiores

O Dia Internacional da Mulher, celebrado em 8 de março, está chegando. A data é importante para lembrar as conquistas e, ao mesmo tempo, se conscientizar que a luta ainda está longe de terminar. A busca por mais respeito, dignidade, igualdade e empoderamento precisa ser diária e constante.dia-da-mulher-cem-homens

Também é um momento fundamental para conhecer a atuação da mulher nos esportes, saber o que mudou no decorrer dos anos e como o desempenho pode melhorar ainda mais. “O nosso papel nos esportes de alto rendimento cresceu muito desde a Revolução Industrial, que teve início no século XVIII, na Inglaterra. Só para se ter uma ideia da evolução, apenas nos Jogos Olímpicos de 1932 competiu a primeira mulher brasileira, a nadadora Maria Lenk. Já nas Olimpíadas de 2016, no Rio de Janeiro, eram 209 delas representando o País. Mostrando que a mulher pode, mais uma vez, superar os preconceitos e os temores de uma profissão efêmera e fazer história”, comenta a Dra. Karina Hatano, médica de exercício e do esporte.

A especialista explica que há diferenças sim na fisiologia de homens e mulheres a serem respeitadas e observadas, mas que é equivocado fazer essa comparação de maneira negativa. “A mulher, por exemplo, tem menos glóbulos vermelhos (que transportam o oxigênio), menos massa muscular e coração e pulmões menores, quando comparada ao homem. Mas é fundamental não subestimar o desempenho feminino por conta dessas e outras peculiaridades, que podem nos proporcionar melhores resultados”, reforça. Na ginástica artística e patinação, em razão do tamanho e da leveza, a mulher leva vantagens, enquanto que na natação possui melhor flutuabilidade.

Treinos no Brasil e no mundo – No exterior é comum os treinadores não fazerem distinção alguma de gênero entre os atletas, e forçar do mesmo modo homens e mulheres. No Brasil, uma parcela de profissionais pensa da mesma maneira. Há ainda aqueles que treinam de maneira mais leve o sexo feminino, por considerá-lo frágil. E assim, infelizmente, não dão os estímulos necessários dos quais a mulher tem total capacidade para aguentar. Não recebendo os estímulos adequados, não chega ao alto rendimento necessário.

Para Karina há que se observar as diferenças e características femininas, mas no sentido de evitar alguns males. Em contrapartida, é possível exigir e estimular bem mais do que muitos técnicos fazem hoje e, assim, conseguir a evolução cada vez maior do desempenho no esporte.

Um dos tópicos a se observar na mulher é a TMA.  As atletas profissionais ou amadoras que praticam exercícios físicos vigorosos em excesso correm o risco de desenvolver a Tríade da Mulher Atleta, caracterizada pelo desequilíbrio de energia consumida e gasto no dia a dia e a mudança do ciclo menstrual e da densidade óssea. “Isso pode acontecer devido à diminuição da taxa de gordura corporal. Se a mulher tem pouca energia no organismo por mecanismos fisiológicos e hormonais, ela começará a apresentar irregularidades menstruais e ter a densidade do osso alterada, podendo levar às osteopatias e fraturas ainda na idade jovem”, alerta a médica especialista em TMA e em mulher atleta.

Assim sendo é necessário conhecer a mulher, suas particularidades, saber sobre tensão pré-menstrual, planejar exercícios e ajustá-los para as características físicas, apresentar treinamento adequado, incluindo o nutricional, porém, jamais subestimar a capacidade feminina do esporte. “É imprescindível adequar a carga, dar atenção não especial mas necessária, com atividades planejadas, não menosprezar e ao mesmo tempo saber valorizar as diferenças”, conta a médica.

E a história vem demonstrando que podemos estar em qualquer pódio. Até esportes predominantemente masculinos vêm mudando, paulatinamente, a aparência.

MMA e mulheres – O MMA é a sigla em inglês para Mixed Martial Arts, ou seja, Artes Marciais Misturadas. Com participação até poucos anos principalmente de homens, de um tempo para cá as mulheres começaram a mostrar a que vieram. Conseguiram melhoras no tratamento das organizações, mas ainda vivem com menos patrocinadores voltados aos combates. Mesmo assim, elas não desistem e mostram que, aqui também, podem ter algumas vantagens. “Temos força, agilidade, explosão, coordenação física completa e resistência para o esporte, bem como grande poder em pensar a estratégia de luta”, explica Karina.

O futebol feminino também vem ganhando mais e mais visibilidade e, inclusive, nesse caso nossas habilidades são bem necessárias: somos multitarefas. “Sabemos fazer diversas coisas ao mesmo tempo, conseguimos dominar a bola, observar a defesa, o meio de campo, o ataque… enfim, jogar e pensar a partida como um todo”, finaliza.

Resumindo, a mulher é capaz de tudo, basta querer e ser bem orientada para atingir os seus objetivos.

Sobre a Dra. Karina Hatano

Karina Hatano é médica do exercício e do esporte, mestre em Medicina Esportiva pela Universidade Federal de São Paulo, onde também realizou a Residência Médica em Medicina do Esporte, além de acumular especialização em fisiologia do exercício e nutrologia. Preceptora da Medicina Esportiva da Universidade Federal de São Paulo e professora da Liga de medicina esportiva da UNIFESP, também é responsável pela saúde de atletas de alta performance de diversas modalidades esportivas, como da seleção brasileira de natação e das confederações brasileiras de baseball e softball.

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