Vazão de usina de Xingó poderá ser ampliada para conter avanço de petróleo no São Francisco

 Vazão de usina de Xingó poderá ser ampliada para conter avanço de petróleo no São Francisco

Borra de petróleo suja mais de 2 mil quilômetros de extensão do Nordeste brasileiro

BRASÍLIA – Técnicos que monitoram o avanço das manchas de petróleo no Nordeste brasileiro decidiram autorizar a vazão da hidrelétrica de Xingó, no Rio São Francisco, para evitar que o óleo avance para dentro do Rio e agrave a contaminação da região. A usina de Xingó, que é a mais próxima da foz do São Francisco, poderá ter sua vazão aumentada de 800 metros cúbicos por segundo para 1.300 m³/s, caso o Ibama julgue necessário.

O aumento de vazão passa pela liberação da água armazenada no reservatório de regularização que fica acima de Xingó, a barragem de Sobradinho, que funciona como uma “caixa d’água” do Rio São Francisco. Ficou decidido que, caso essa liberação venha a ocorrer, que não passe de 1% sobre o volume total de água contida em Sobradinho. Ontem, Sobradinho estava com 34,47% de sua capacidade total de armazenamento.

A borra de petróleo que suja mais de 2 mil quilômetros de extensão do Nordeste brasileiro já chegou à foz do rio São Francisco, na divisa de Alagoas e Sergipe. Como a água do mar avança diversos quilômetros rio adentro em horários de baixa do rio, a ideia é liberar um maior volume de água da hidrelétrica para conter esse avanço.

Xingó está localizada a 12 quilômetros do município de Piranhas e a seis quilômetros de Canindé de São Francisco. A usina é operada pela Companhia Hidroelétrica do São Francisco (Chesf). Com capacidade de armazenamento de 3,8 bilhões de metros cúbicos em seu reservatório, Xingó está a 179 km da foz do São Francisco, entre os municípios de Piaçabuçu (AL) e Brejo Grande (SE).

Na sexta-feira, 11, uma sala de acompanhamento da operação do Sistema Hídrico do Rio São Francisco deliberou sobre o assunto, em uma reunião extraordinária na sede da Agência Nacional de Águas (ANA) e por videoconferência.

A ANA coordena as reuniões da Sala de Acompanhamento da Operação do Sistema Hídrico do Rio São Francisco, que contam com a participação de uma série de instituições como o Ministério do Desenvolvimento Regional (MDR), Ministério de Minas e Energia (MME), Ministério do Meio Ambiente (MMA), Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel), Marinha do Brasil, Comitê da Bacia Hidrográfica do Rio São Francisco (CBHSF), Operador Nacional do Sistema Elétrico (ONS), Chesf, Companhia de Desenvolvimento dos Vales do São Francisco e do Parnaíba, dentre outros participantes.

Nesse encontro, representantes de Alagoas e Sergipe apresentam a situação de momento na região da foz do São Francisco atingida pela mancha de óleo, além das medidas que estão sendo tomadas para minimizar os impactos constatados no Baixo São Francisco.

O rio São Francisco nasce na Serra da Canastra (MG) e chega à sua foz, no Oceano Atlântico, entre Alagoas e Sergipe, percorrendo cerca de 2.800 quilômetros, passando por Minas Gerais, Bahia, Pernambuco, Alagoas e Sergipe. Sua bacia drena territórios de 503 municípios. Em seu percurso, há nove barragens de hidrelétricas, sendo a de Sobradinho a maior delas, que funciona como um reservatório de regularização de água para as demais.

André Borges

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