Dom Guido publica a segunda carta sobre a situação do coronavírus: “Juntos diante da realidade”

 Dom Guido publica a segunda carta sobre a situação do coronavírus: “Juntos diante da realidade”

Caros irmãos e irmãs, amigos e amigas,

Diante do fato de como um pequeno vírus tem a força de parar o mundo inteiro e de despertar angústia, dor e insegurança, ressoam com mais força as palavras de Jesus: “Coragem! Sou eu. Não tenhais medo!” (Mc 6, 50)

O Evangelho da Anunciação nos diz o porque estas Palavras de Jesus são dignas de confiança: “Pois para Deus nada é impossível.” (Lc 1, 37) E o anjo confirma estas palavras anunciando como uma virgem e uma pessoa idosa e estéril darão à luz um filho.

Neste tempo no qual a ciência achava de ter conseguido produzir a vida e tirar a vida, quando muitos pensavam que a economia fosse o aspecto mais importante para criar um novo bem estar tanto que sempre mais colocaram Deus ás margens da convivência, num tempo no qual o respeito da natureza foi completamente quebrado para explorar ao máximo e de forma imediata o que ela poderia oferecer no tempo, eis que a fragilidade humana aparece em toda a sua dramaticidade e, mais uma vez se confirmam as palavras de Jesus: “Sem mim nada podeis fazer” (Jo 15,6)

Como sempre, o orgulho e a autossuficiência se voltaram contra a humanidade, não como castigo de Deus e sim como consequência inevitável das escolhas feitas.

Como nos diz o Evangelho de Marcos, Jesus Cristo foi reduzido a um fantasma, a algo do qual ter medo, pois parece que a Presença dele limita a nossa liberdade, a nossa felicidade e o progresso sem limites.

Até dentro da Igreja a Presença com a qual Jesus vem hoje ao nosso encontro é vista como um pretexto para apoiar as próprias ideias. Para uns que confiam numa tradição estática até o Papa Francisco é considerado como uma ameaça, para outros que acham que não precisamos mais de doutrinas e regras e que se faz necessário percorrer um novo caminho, é visto como aquele que vai mudar a Tradição, para a maioria, graças a Deus, é acolhido e seguido como aquele que, escolhido pelo Espírito Santo, nos ajuda a reconhecer em Jesus a Presença amiga que dá alivio e significado positivo a tudo o que é profundamente humano.

Lendo nestes dias tantos comentários, muitos evidenciam como o perigo maior quer durante, quer depois da pandemia do Covid 19, pode ser aquele vírus que nos impulsiona a viver uma vida sem sentido, preocupados unicamente no defender direitos individuais e de grupo, sem um horizonte que permita a Jesus de entrar no barco de nossa vida e de nos ajudar enfrentar com serenidade as tempestades que com certeza sempre encontraremos.

Como procuro viver tudo isto, estando em casa e no mesmo tempo com o forte desejo de estar mais perto de cada um e cada uma?

O relato da Anunciação termina dizendo: “E o anjo retirou-se.” (lc 1, 38)

A partir daquele momento a responsabilidade ficou toda com Nossa Senhora, sempre acompanhada pelo Espírito Santo.

Depois do Batismo também cada um de nós é chamado a viver a vida nova recebida em dom, pois “eu vivo, mas não eu, é Cristo que vive em mim.” (Gl 2,20)

O que pessoalmente procuro viver nestes dias, também através da convivência com três nossos seminaristas, é uma oração mais profunda e momentos de reflexões enfrentados com mais calma, ler e responder a muitas mensagens que chegam de tantas pessoas, tudo com a consciência da Presença amiga de Jesus que vence as minhas ansiedades e repete: “Coragem, sou eu, não tenhas medo.”

É o que desejo a cada um de vocês e por isto peço que a benção de Deus chegue em todos os nossos corações pela intercessão de Nossa Senhora de Fátima.

Paulo Afonso, 26 de março de 2020

Em comunhão

Dom Guido Zendron

Bispo da Diocese de Paulo Afonso

Créditos Pascom

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